Por Felipe Nunes
A pesquisa Genial/Quaest em SP continua mostrando a importância da desistência (ou não) de Marcio França da corrida para o gov do Estado. Com França, Haddad fica próximo dos 30%. Sem França, se aproxima dos 40%. Tarcísio e Garcia aparecem tecnicamente empatados.
O filme dos últimos meses mostra algumas nuances relevantes: (1) sem França, Haddad oscila na margem de erro (37% para 35%), (2) Tarcísio oscila na margem de erro (12% para 14%), (3) já Garcia, o atual governador, cresce 4 pontos. O que explica essa mudança?
Neste mesmo período, a expectativa de que Garcia fará um governo melhor do que Dória cresceu, passou de 29% para 36%.
Expectativa que se constituiu principalmente no interior do Estado. Na capital e na Metropolitana não há evidência de mudança dessa percepção. Mas no interior, saiu de 29 para 39% quem acha que o Garcia será melhor que o Dória.
Regionalmente, a eleição parece um WAR, cheio de disputas por território. Haddad é favorito na capital. Tarcísio tem intenção de voto proporcionalmente maior no interior. Garcia é o único que tem a mesma proporção de votos nas diferentes regiões do Estado.
A pergunta, portanto, é: quem vai para o segundo turno contra Haddad? A primeira tarefa de Tarcisio e Garcia é aumentar conhecimento. Garcia é conhecido por 34% e Tarcísio por 32%. Ou seja, o tempo de TV que eles terão (a mais ou a menos) poderá ser decisivo.
Também na análise da rejeição encontramos poucos elementos para responder quem leva vantagem, o quadro é nebuloso. Garcia é rejeitado por 18% e Tarcísio por 15%.
O que dá pra dizer é que os apoios de Lula, Alckimin e Bolsonaro podem ser decisivos na eleição. Quando avaliamos como o voto para presidente se correlaciona com o voto para governador, vemos que o estoque de votos do Lula para Haddad já chegou no limite (64%).
Tarcísio, por outro lado, ainda pode aumentar muito sua conversão de votos de Bolsonaro, ele só tem 36% desses eleitores. Quando simulamos apoios é que essa afirmação fica ainda mais nítida. Enquanto Haddad não ganha nem perde com o apoio de Lula e Alckmin, Tarcísio pode garantir vaga no 2ª turno pois pode chegar a 28% quando Bolsonaro baixar no Estado.
Até aqui, mostrei as vantagens que Tarcísio tem. Mas Garcia também tem bons elementos para comemorar. Afinal, observa-se alta a proporção de paulistas que preferem que vença um governador independente (39%), nem ligado a Lula nem a Bolsonaro.
Já que é difícil afirmar quem leva a segunda vaga, simulamos vários cenários. Haddad vence todos os cenários que disputa, Tarcísio perde todos os cenários, e Garcia ganha do Tarcísio, mas perde para o Haddad.
Na briga por uma vaga de senador, a desistência do Datena favoreceu França, que lidera a corrida com 27% da preferência do eleitorado. O segundo colocado é Paulo Skaf, com 13%. Zambelli tem 9%; Janaina, 7%; Milton Leite,5%; e Aldo Rabelo, 3%
A pesquisa em São Paulo também trouxe uma novidade relevante para o quadro nacional. Se a eleição fosse hoje, o ex-presidente Lula e o presidente Bolsonaro estariam tecnicamente empatados entre os eleitores de São Paulo. Lula teria 37% dos votos e Bolsonaro, 32%.
Na pesquisa nacional de julho da Genial/Quaest, já havia uma mudança considerável na distância entre Lula e Bolsonaro no Sudeste. A pesquisa de São Paulo confirma que um dos locais onde a mudança estava ocorrendo era São Paulo. Do ponto de vista da sociologia eleitoral, Lula leva vantagem no eleitorado feminino (39% a 28%), mas, entre os homens, Bolsonaro leva ligeira vantagem (36% a 35%), dentro da margem de erro.
Em relação a votação por faixa etária, os jovens preferem o ex-presidente ao atual (47% a 20%), enquanto o resultado se inverte entre os eleitores que têm entre 35 e 44 anos, com 37% a 30% para Bolsonaro.
Em termos de escolaridade, Lula fica à frente no grupo de eleitores que cursou até o Fundamental (49% a 23%). Entre quem chegou até o Ensino Médio, há empate, com 34% para cada um dos candidatos. Já no grupo que tem nível superior, Bolsonaro leva vantagem de 37% a 30%.
Lula também vence entre os que ganham até dois salários-mínimos (47% a 21%) e empata, na margem de erro, entre os que ganham entre dois e cinco salários-mínimos (36% a 35%). Já entre os que têm renda superior a cinco mínimos, a vantagem é de Bolsonaro: 36% a 31%.
Na simulação de 2º turno para presidente, a distância de Lula e Bolsonaro saiu de 17 pontos para 6 pontos, caiu nos últimos dois meses.
Lula aparece a frente nas pesquisas porque se beneficia, no segundo turno, com a transferência de votos de Ciro e Tebet para si.
A pesquisa Genial/Quaest foi realizada entre os dias 1 e 4/07 por meio de 1.640 entrevistas presenciais domiciliares em 76 municípios. A margem de erro estimada é de 2,4, com nível de confiabilidade de 95%. A pesquisa está registrada no TSE BR-03964/22 e SP-05318/22.
Foto: Nelson Junior/ASICS/TSE/Dedoc