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PM atira bombas contra acampados do MST que lutam contra despejo em MG Moradores do acampamento Quilombo Campo Grande, no Sul de Minas, relatam cenário de guerra em Campo do Meio

14 de agosto de 2020, 16h53 | Por Redação ★ Blog do Lindenberg

by Redação ★ Blog do Lindenberg

Os sem-terra do acampamento Quilombo Grande, em Campo do Meio (MG), foram reprimidos pela Polícia Militar de Minas Gerais no início da tarde desta sexta-feira (14). Os acampados relatam que as forças policiais usaram bombas de gás lacrimogêneo e avançaram com o Choque contra as famílias, que estão há mais de 50 horas lutando contra a reintegração de posse da área.

As famílias vivem em uma usina de açúcar em que as atividades de produção foram encerradas em 1997. Desde então, os antigos funcionários continuaram vivendo na área cultivando café e hortaliças.

A Polícia Militar iniciou o despejo na madrugada do dia 12 e a ação chega ao terceiro dia nesta sexta-feira (14). A reportagem do Brasil de Fato apura mais detalhes sobre a repressão e sobre os artefatos utilizados contra os acampados. A Secretaria de Segurança Pública de Minas Gerais e a Polícia Militar foram questionadas sobre a ação por meio das respectivas assessorias de imprensa.

As famílias que ocupam o terreno da falida Usina Ariadnópolis há 22 anos e são referência na produção agroecológica de café denunciam a negligência do governador Romeu Zema (Novo), que não ordenou a suspensão do despejo que acontece em meio à pandemia do novo coronavírus.

Os agricultores denunciam ainda que a reintegração é ilegal. Esther Hoffmann, da coordenação nacional do MST, explica que as famílias já deixaram a área prevista na decisão judicial do juiz Roberto Apolinário de Castro, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, favorável ao proprietário da antiga Usina.

A ação está sendo muito questionada pelo Movimento e por defensores dos Direitos Humanos por ocorrer em plena pandemia e por causa de uma suposta truculência dos militares. A informação inicial era de que cerca de 450 famílias, com 2.500 moradores seriam retiradas do local, mas a defensora pública Ana Cláudia Alexandre Storch alega que a ordem judicial diz respeito a somente seis famílias, que já deixaram suas casas.

Segundo o acampado Silvio Netto, o aparato policial presente no local nos últimos dias é grande. Ele afirma que dois caveirões da Tropa de Choque do estado chegaram ao local nesta sexta (14). Durante a manhã, um helicóptero sobrevoou baixo exatamente no local onde as famílias estavam reunidas, levantando poeira e intimidando os sem-terra.

Cenário de guerra em Campo do meio !

Cenário de guerra em Campo do meio !Polícia de Zema avança sobre as famílias usando todo o aparato de bombas e ateando fogo em tudo que foi construído a mais de 22 anos de resistência. #ZemaCriminoso #SalveQuilombo

Posted by Minas Sem Terra on Friday, August 14, 2020

POLÍCIA MILITAR AVANÇA COM HELICÓPTERO SOBRE AS FAMÍLIAS SEM TERRA NO SUL DE MINAS!

POLÍCIA MILITAR AVANÇA COM HELICÓPTERO SOBRE AS FAMÍLIAS SEM TERRA NO SUL DE MINAS! Nesse momento, as famílias do Acampamento Quilombo Campo Grande seguem cercadas pela Polícia Militar, que usa o helicóptero para intimidá-las, sobrevoando baixo e levantando poeira para cima das pessoas. Querem forçar o despejo ilegal e desumano durante a pandemia. Estão propagando o vírus pelo Sul de Minas e ameaçando a vida e a saúde toda população. Zema, isso é criminoso!!! Recue!#ZEMACRIMINOSO

Posted by Minas Sem Terra on Friday, August 14, 2020

“Zema covarde”

Há uma grande mobilização popular em nível nacional que pressiona o governador Romeu Zema (Novo) para suspender o despejo em curso. As hashtags “Zema Covarde”, “Zema criminoso” e “Salve o quilombo” tem sido usadas nas redes sociais em apoio aos acampados do Quilombo Campo Grande.

No primeiro dia da reintegração, o político publicou um tweet afirmando que a reintegração estaria suspensa. No entanto, os policiais permaneceram no local. Horas depois, o governo alegou que a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social encaminhou o pedido de suspensão à comarca de Campo Gerais, que, por sua vez, não aceitou a solicitação.

Os advogados do MST entraram com um pedido no Superior Tribunal de Federal (STF) para reverter a ordem de despejo, que conta com pedido de urgência da deputada. A bandada do PT na Câmara também protocolou um pedido para que o ministro Edson Fachin conceda a liminar em caráter de urgência.

A Campanha Despejo Zero, capitaneada pelo MST em conjunto com o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e outras dezenas de movimentos populares, denunciou o despejo do acampamento à Organização das Nações Unidas (ONU) nesta quinta (13).

O informe enviado ao relator especial de moradia adequada do órgão internacional, Balakrishnan Rajagopal, denuncia a destruição da Escola Popular Eduardo Galeano no primeiro dia de despejo e a retirada de seis famílias do local.

Os movimentos solicitaram que o Romeu Zema seja oficiado pela entidade para a suspensão imediata da reintegração.

Posicionamento

À Rádio Itatiaia a chefe da sala de imprensa da Polícia Militar, capitão Layla Brunella, afirma que ainda há resistência de famílias na região e que só três das seis famílias deixaram o local.

“A permanência da Polícia Militar continua até que essa ordem judicial seja cumprida na íntegra pelos Oficiais de Justiça, uma vez que nós permanecemos no apoio desses profissionais, seguindo essa determinação judicial. Erroneamente alguns órgãos, não só públicos como também algumas mídias, têm divulgado que a Polícia Militar está realizando para além da necessidade a retirada de famílias de outro assentamento, onde há 450 famílias. Porém a polícia ressalta que não houve qualquer situação nesse aspecto e que esse assentamento, onde há 450 famílias, não faz parte da operação atual. Não houve qualquer uso de força por parte da Polícia Militar e o processo de negociação continua até que a gente possa conseguir essa retirada de maneira pacífica.”

Com informações da Rádio Itatiaia e Brasil de Fato.
Foto: MST.

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