Home Comentários A campanha para a PBH dá os primeiros passos. E com alguns tropeços.

A campanha para a PBH dá os primeiros passos. E com alguns tropeços.

27 de agosto de 2020, 14h12 | Por Carlos Lindenberg

by Carlos Lindenberg

Bem que o prefeito Alexandre Kalil não queria. Mas a despeito de sua vontade, ou em razão dela, a campanha para a sucessão em Belo Horizonte já começa a ganhar as ruas. E como de hábito sorrateiramente, ainda que alguns nomes não se façam de rogados e já começam a pontuar algumas situações que deveriam, na visão deles, merecer maior atenção da municipalidade.

A campanha começou, no entanto, de maneira torpe. Com uma capa falsa de uma revista dita nacional, mas que circulou apenas na capital, com um título em que chama o atual prefeito de “O líder das falcatruas”, numa alusão ao fato de Kalil vir liderando as pesquisas feitas até aqui. A falsa capa, na verdade, imita um outra, quando da primeira candidatura do atual mandatário, com o título de “As mentiras de Kalil”, ou seja, a campanha começou da mesma forma que a anterior, o que pode não ser um bom sinal, porque a primeira eleição Kalil levou. Poderiam, pelo menos, começar de uma outra forma, talvez de uma maneira menos tosca, mais inteligente. Curiosamente, a capa da revista de 2016 trazia uma outra chamada que também se revelou frustrante, para não dizer, fraudulenta. Falava que a Lava Jato investigava se o ex-presidente Lula era dono de uma mansão em Punta Del Leste, no Uruguai. Assim como a capa da época, a das “mentiras” de Kalil, também aquela chamada era uma mentira, como se provou depois.

A despeito do possível erro do primeiro tiro, esse agora, de cuja autoria se suspeita, mas não há como se comprovar, a menos que as investigações do Ministério Público consigam essa proeza, afinal o promotor do caso se acionou logo após a publicação, não se podem nivelar os adversários do prefeito Alexandre Kalil. Há nomes diferenciados. E que certamente vão mostrar as suas diferenças assim que a campanha efetivamente começar a ganhar as ruas. Uma campanha na verdade inteiramente diferente do que se tem visto até aqui, e, pelo que se vê, muito baseada nas redes sociais, quando não nas fakenews, como surpreendentemente definiu o atual secretário da Saúde de Minas Gerais, Carlos Eduardo Amaral, para quem isso seria normal, “por que fazem parte da liberdade de expressão”. O secretário comete um engano, para dizer o mínimo, as notícias falsas não podem ser confundidas com liberdade de expressão. São coisas diferentes, como devem ser diferentes a aplicação de uma injeção, para ficar na Saúde, e uma cirurgia cardíaca. Aliás, tanto isso é verdade, mas o secretário deveria saber, que não é por acaso que o Supremo Tribunal Federal está combatendo o uso das fakenews com o rigor necessário, exatamente por entender que elas não fazem parte da liberdade de expressão – que é um outro conceito.

Em hora apropriada ou não, cedo ou tarde, com novos prazos para o calendário eleitoral, o fato é que, como em outras cidades, também em Belo Horizonte, as prováveis candidaturas vão tomando corpo. Assim, a menos que as convenções partidárias mudem alguma coisa, estão alinhados até agora como candidatos à prefeitura de BH, além do prefeito Alexandre Kalil, a deputada federal Áurea Carolina (Psol), os também federais Júlio Delgado (PSB), Igor Timo (Podemos) e Lafayette Andrada (Republicanos). Os estaduais João Victor Xavier (Cidadania), que tem feito uso das redes sociais com enfoque nos problemas da cidade, como a revitalização do hipercentro; Professor Wendel Mesquita ( Solidariedade) , o vereador Fernando Borja (Avante), autor de uma ação de improbidade contra Kalil; a secretária-adjunta do governo de Minas, Luísa Barreto (PSDB); os ex-deputados Nilmário Miranda (PT) e Wadson Ribeiro (PC do B); o militante Leonardo Péricles (UP); o policial militar cabo Washington Xavier (PDS) ; o professor Wanderson Rocha (PSTU) e o empresário Rodrigo Paiva(Novo) além do deputado estadual Bruno Engler (PRTB) que se apresenta como suposto candidato do presidente Jair Bolsonaro – pelo menos fez recentemente uma foto com Bolsonaro e com o filho dele, o deputado federal Eduardo Bolsonaro. A dúvida é se o apoio ficará apenas na foto, já que Bolsonaro diz que não participará das eleições municipais, ou se fará algum outro gesto que configure esse apoio.

Mas o time que está sendo formado e que poderá até mesmo ser esse aí está sendo preparado pelas suas legendas para o embate de 15 de novembro. Com o alerta de que provavelmente as fakenews serão usadas abusadamente, a despeito da ação do STF e do TSE, que poderão até cassar candidaturas – fica o alerta de que essa é uma eleição que exigirá a máxima atenção do eleitor, como, aliás, avisou quem sabe fora de hora, a falsa capa da revista dita nacional que circulou na semana passada em Belo Horizonte. É evidente que Kalil cometeu falhas, a despeito de sua ação firme na condução da pandemia, assim como é evidente que há também outros bons candidatos, bem como há oportunistas e carreiristas na disputa, de forma que é mais do que necessária a atenção do eleitor. E o melhor sinal de que a disputa será dura foi a iniciativa de grupos contrários ao prefeito que patrocinaram uma capa falsa numa disputa que nem começou pra valer.

Foto: Divulgação/PBH

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