Embora o governo diga que a opção é de cada um, uma lei assinada pelo próprio presidente Jair Bolsonaro em 6 de fevereiro de 2020, obriga a vacinação e outras medidas profiláticas aos brasileiros em meio à pandemia do novo coronavírus.
A frase foi dita no momento em que as esperanças da comunidade científica se voltam para a descoberta de vacinas eficazes para frear o avanço da pandemia do novo coronavírus.
Bolsonaro deu a declaração na última segunda (31), em conversa com apoiadores na porta do Palácio da Alvorada. Uma mulher, que se identificou como profissional de saúde, disse a Jair Bolsonaro que era preciso cuidado com as vacinas em desenvolvimento contra a Covid-19.
Em resposta, o presidente disse que “ninguém pode obrigar ninguém” a receber a vacina.
Na terça (1º), a Secretaria de Comunicação da Presidência da República divulgou peça publicitária com a mesma mensagem. A imagem repetia a frase de Bolsonaro e dizia que “o governo do Brasil preza pela liberdade dos brasileiros”.
Na tarde desta quarta-feira (2), a Secom também fez a seguinte publicação: “Pesquisas revelam que cerca de 90% dos brasileiros tomarão vacina contra a Covid-19. Assim, o governo federal estabeleceu parcerias e investirá pesado pela vacina. Porém, o Brasil é uma democracia, o governo é liberal e seu presidente não é um tirano.”
A Sociedade Brasileira de Imunizações, no entanto, lembra que a vacinação está entre os instrumentos de maior impacto positivo em saúde pública, em todo o mundo. Ao longo da história, diz a entidade, as políticas de vacina contribuíram de forma inquestionável para reduzir a mortalidade e aumentar a qualidade e a expectativa de vida da população mundial.
Lei
Jair Bolsonaro sancionou, em fevereiro, lei que prevê a vacinação compulsória. A medida é uma das opções disponíveis para as autoridades no enfrentamento da Covid-19, junto a outras ações de prevenção.
O texto diz, inclusive, que “as pessoas deverão sujeitar-se ao cumprimento das medidas previstas neste artigo, e o descumprimento delas acarretará responsabilização, nos termos previstos em lei.”
Em agosto, o site do jornal “Folha de S. Paulo” divulgou pesquisa Datafolha sobre o tema. O levantamento mostrou que 89% dos brasileiros pretendem se imunizar contra o novo coronavírus, tão logo uma vacina eficaz esteja disponível.
Na mesma pesquisa, 9% dos entrevistados disseram não querer a vacina, e outros 3% não souberam responder. O levantamento foi feito nos dias 11 e 12 de agosto e a margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Foto: Agência Brasil