Desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com a farmacêutica AstraZeneca, uma das principais candidatas a vacina contra o coronavírus teve experimentos interrompidos após adoecimento de um paciente que vinha recebendo a imunização em estudo. A informação foi publicada nessa terça-feira (8) pelo site americano Stat News, especializado em notícias de saúde e ciência, e confirmada pelo Estadão com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
De acordo com uma nota da empresa, trata-se de uma pausa “rotineira” na produção de vacinas no caso de algum dos pacientes ter um “adoecimento sem explicação”: “É uma ação que precisa acontecer sempre que houver um adoecimento sem explicação em algum dos testes, enquanto isto é investigado, assegurando a manutenção da integridade dos experimentos”.
“Estamos trabalhando para acelerar a revisão deste evento pontual, de forma a minimizar qualquer impacto no cronograma de testes.”
O Stat News, site estrangeiro de notícias especializado em saúde que publicou primeiro sobre a interrupção, informou que não se sabe detalhes da reação adversa do participante do Reino Unido. Citando fontes próximas ao caso, porém, o site relatou que o estado de saúde do paciente indica que ele deve se recuperar.
A vacina passou com sucesso das fases 1 e 2 de testes, e está atualmente na etapa 3, que normalmente envolve milhares de pacientes e pode durar vários anos. Neste caso, estavam participando dos experimentos com o projeto da AstraZeneca-Oxford 30 mil pessoas nos Estados Unidos, Reino Unido, África do Sul e Brasil.
De acordo com a BBC News Brasil, todas instituições que participavam do experimento internacional foram colocadas em suspenso enquanto uma investigação independente analisa a segurança da vacina. Depois, agências reguladoras poderão decidir se os testes serão reiniciados ou não, explica o editor de assuntos médicos da BBC, Fergus Walsh.
Esta é a segunda vez que testes com a vacina de Oxford são suspensos, acrescenta Walsh. São acontecimentos esperados em grandes ensaios clínicos quando um voluntário é hospitalizado com alguma condição de saúde não imediatamente conhecida.
A Anvisa informou que aguarda mais informações da AstraZeneca para se pronunciar oficialmente sobre a interrupção dos estudos. A decisão do laboratório britânico ocorre no dia em que o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, afirma que em “janeiro a gente comece a vacinar todo mundo”. O governo federal abriu crédito de cerca de R$ 2 bilhões para a Fiocruz receber, processar, distribuir e passar a fabricar sozinha a vacina.
“A decisão de interromper os estudos foi do laboratório, que comunicou os países participantes. A Anvisa já recebeu a mensagem e vai aguardar o envio de mais informações para se pronunciar oficialmente”, disse a Anvisa em nota.
Já a Fiocruz informou que foi informada pela Astrazeneca sobre a suspensão dos testes clínicos em fase 3 e vai acompanhar os resultados das investigações sobre possível associação de efeito registrado com a Vacina para se pronunciar oficialmente.
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