Home Censura O pau que dá em Nassif dá também na Globo, mas qualquer tipo de censura é inaceitável

O pau que dá em Nassif dá também na Globo, mas qualquer tipo de censura é inaceitável Jornal GGN foi obrigado a remover 11 reportagens que citavam o banco BTG Pactual sob pena de multa de 10 mil reais por dia.

13 de setembro de 2020, 18h17 | Por Redação - Blog do Lindenberg

by Redação - Blog do Lindenberg

Na última semana, o juiz Leonardo Grandmasson Chaves, da 32ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, censurou o Jornal GGN, editado pelo jornalista Luis Nassif, exigindo a retirada imediata do ar de reportagens sobre movimentações financeiras suspeitas do banco BTG Pactual. A emissora da família Marinho também foi censurada e está proibida de exibir qualquer documento ou peça das investigações sobre o esquema de rachadinha no gabinete do senador Flavio Bolsonaro.

A decisão é uma agressão à liberdade de imprensa, assegurada pela Constituição, e foi condenada por entidades como a Associação Brasil de Imprensa (ABI) e a Associação Nacional de Jornais (ANJ).

A censura à Globo ocorre menos de uma semana depois da censura ao jornalista Luiz Nassif, do Jornal GGN. Por decisão do juiz Leonardo Grandmasson Ferreira Chaves, da 32ª Vara Cível do Rio de Janeiro, o GGN foi obrigado a retirar do ar uma série de reportagens relacionadas ao banco BTG Pactual. Na decisão que censurou o veículo, o juiz chamou o GGN de “jornal pequeno” e estipulou pena de R$ 10 mil por dia em caso de descumprimento.

Principal integrante da mídia corporativa brasileira, a Globo preferiu se calar e não condenou a agressão à liberdade de imprensa contra Nassif. Hoje, a própria Globo é vítima da censura. A mesma liberdade de informação que a Globo reivindica para si no caso das rachadinhas de Flávio Bolsonaro, deveria ser defendida pela emissora como valor constitucional e inegociável para todos os veículos de comunicação brasileiros.

Na sentença arbitrária, o juiz exigiu a retirada imediata do ar de reportagens que tratam das movimentações suspeitas do banco BTG Pactual. Portando-se como advogado dos banqueiros, ele afirmou que as matérias são “levianas” e fariam parte de “uma campanha orquestrada para difamar” o banco. O juiz ainda estipulou a multa de R$ 10 mil por dia no caso do Jornal GGN desrespeitar a sua infundada e truculenta decisão.

Entre outras denúncias, as reportagens do GGN revelaram a compra recente de uma carteira de crédito do Banco do Brasil estimada em R$ 2,9 bilhões por apenas R$ 371 milhões pela Enforce – empresa controlada pelo BTG.

Como protestou em sua conta no Twitter o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, “questionar a venda de créditos avaliados em 3 bilhões por 371 milhões é absolutamente legítimo, para não dizer obrigatório. Os brasileiros têm direito a uma explicação e os jornalistas que suscitaram a questão, Luís Nassif e Patricia Faermann, merecem apoio, jamais censura”.

Em tempos de bolsonarismo, e de agressões às garantias constitucionais pelo Judiciário, a censura já não escolhe suas vítimas pela linha editorial nem pelo tamanho da audiência.

Foto: Edit/Reprodução
Com informações do Brasil247.

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