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UFMG vence prêmio de patente do ano com tecnologia de combate à covid-19 Sonda desenvolvida em laboratório da Escola de Engenharia otimiza processo de aspiração de secreções em ambientes hospitalares.

22 de outubro de 2020, 21h11 | Por Letícia Horsth

by Letícia Horsth

Um modelo de sonda que propicia mais eficiência ao processo de aspiração de secreções em pacientes internados em hospitais rendeu à UFMG o Prêmio Patente do Ano, concedido pela Associação Brasileira da Propriedade Intelectual (ABPI), que neste ano direcionou a premiação a processos destinados ao enfrentamento da pandemia de covid-19. A patente, intitulada Método e sonda de aspiração endobronquial de secreções, foi depositada pela UFMG em 2009 e concedida pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) em dezembro do ano passado.

O prêmio foi entregue na tarde desta quinta, 22, em cerimônia virtual conduzida pela diretora de Patentes do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), Liane Lage. “O prêmio da ABPI mostra ao mundo nosso potencial inovador. E é com muita alegria que o entrego à minha instituição de origem, já que me formei na UFMG”, destacou Liane.

Ao receber o prêmio em nome da UFMG, o diretor da Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica (CTIT), Gilberto Medeiros, homenageou o professor Marcos Pinotti Barbosa, um dos inventores da patente, que morreu em 2016. “Infelizmente, perdemos a companhia desse brilhante professor, que é uma grande fonte de inspiração. Como exemplo de seu legado, podemos citar a criação por ex-alunos seus de duas empresas adquiridas pela GE Healthcare, que tem uma planta na Região Metropolitana de Belo Horizonte”, destacou.

A tecnologia foi desenvolvida pelo Laboratório de Bioengenharia (Labbio), do Departamento de Engenharia Mecânica da UFMG. Além de Marcos Pinotti, tem como inventores o professor Claysson Bruno Santos Vimieiro e os então doutorandos Shirley Lima Campos e Daniel Neves Rocha.

“Desenvolvemos um modelo de sonda e um método de aspiração que gera menos aerossol por parte dos pacientes, reduzindo assim o risco de contaminação dos profissionais na linha de frente no combate à covid-19”, afirma Claysson Vimieiro, vinculado ao Departamento de Engenharia Mecânica.

Segundo o pesquisador, os estudos para a geração da patente surgiram com base em demanda levantada por uma aluna do doutorado, fisioterapeuta especialista na aspiração de secreções, como as geradas nas pneumonias. “Os profissionais enfrentavam um grande problema com as sondas tradicionais. Primeiro, eles não sabiam o quanto precisavam introduzi-la para alcançar uma posição correta na sucção da secreção. E, ao fazer isso, eles não tinham certeza em qual pulmão ela havia entrado. Isso gerava um impasse, já que é preciso aspirar os pulmões várias vezes ao dia”, explica Vimieiro.

A solução foi criar uma sonda em formato ‘V’. Ao chegar próximo à entrada do órgão, em uma bifurcação chamada carina, cada tubo do dispositivo segue para um pulmão (direito ou esquerdo) em um posicionamento adequado para que a aspiração seja processada em um ou nos dois órgãos. “Quando criamos a tecnologia, o foco eram as várias doenças respiratórias, mas, em um contexto de pandemia, a aspiração eficiente pode tanto ajudar na cura dos pacientes, já que os pulmões estão entre os órgãos mais afetados pela doença, quanto na proteção dos profissionais da saúde, pois a técnica gera menos aerossóis, diminuindo o risco de contaminação nos ambientes hospitalares”, detalha.

A CTIT busca agora parcerias com empresas e hospitais para testar e desenvolver a tecnologia.

Baixas no front
No contexto da covid-19, a contaminação de profissionais da linha de frente no combate ao novo coronavírus é uma das principais preocupações das autoridades de saúde. De acordo com dados levantados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em vários países os profissionais de saúde respondem por 12 a 25% do número de casos confirmados de covid-19 em toda a população. No Brasil, levantamentos realizados por universidades públicas encontraram positividade para a infecção em 25 a 50% dos profissionais de saúde testados.

Ainda segundo a Fiocruz, os aerossóis – partículas menores que as gotículas expelidas durante a tosse ou espirro que permanecem em suspensão no ar por mais tempo –, são uma importante forma de transmissão e objeto de vários estudos em ambientes hospitalares. O contágio por meio dessas partículas está associado a procedimentos como intubação traqueal, ventilação não invasiva e posição prona (de bruços).

Texto por: Janaína Coelho / Jornalista da CTIT.
Foto: Foca Lisboa / UFMG.

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