O democrata Joe Biden alcançou os 270 delegados no Colégio Eleitoral neste sábado (7), segundo projeções de diversos veículos de imprensa, número suficiente para derrotar o republicano Donald Trump e se sagrar o 46º presidente dos Estados Unidos.
Embora não oficial, esse tipo de projeção é suficiente para que a sociedade americana reconheça a eleição de um presidente.
Mas, neste ano, a campanha de Trump alega que a eleição está sendo roubada e promete ações na Justiça para impedir que Biden vença. A campanha republicana pediu recontagem em Wisconsin e tenta suspender a apuração na Pensilvânia, na Geórgia e em Michigan.
Também pediu interferência em um caso pendente na Suprema Corte dos EUA sobre a Pensilvânia, um estado importante da disputa que ainda está contando centenas de milhares de cédulas enviadas pelo correio. O republicano tenta impedir que o estado conte votos que cheguem depois da eleição.
Essas manobras judiciais de Trump ocorreram após ataques do republicano contra a integridade da votação, ao mesmo tempo em que declarou vitória e sugeriu — sem comprovação — que os democratas tentariam fraudar a eleição.
Em seu pronunciamento, Biden rebateu: “Todos os votos precisam ser contados. Ninguém vai tirar nossa democracia, nem agora, nem nunca. A América foi longe demais, lutou em muitas batalhas, a América suportou demais para deixar isso acontecer.”
Trump está tentando evitar se tornar o primeiro presidente em exercício dos EUA a perder uma candidatura à reeleição desde George H.W. Bush, em 1992.
Vitória no Arizona
A Associated Press explica que projetou Biden vencedor no Arizona na madrugada de quarta-feira porque o democrata tinha 5 pontos percentuais a mais que Trump (130 mil votos) e 80% dos votos apurados. “As cédulas restantes a serem contadas, incluindo votos pelo correio no condado de Maricopa, onde Biden teve um forte desempenho, não seriam suficientes para Trump alcançar o ex-vice-presidente”, aponta a agência.
Uma mudança demográfica nos últimos anos, incluindo uma população latina em rápido crescimento e um boom de novos residentes — alguns fugindo do alto custo de vida na vizinha Califórnia — tornaram o estado, historicamente um reduto republicano, mais favorável para os democratas.
Muitos dos ganhos foram impulsionados pela mudança política do condado de Maricopa, que abriga Phoenix e seus subúrbios. Foi aí que, para a AP, Biden selou sua vitória. O condado responde por 60% dos votos do estado, e Biden obteve enormes margens ali. Quando a agência deu a vitória ao democrata, ele liderava com 9 pontos percentuais nessa região.
Biden
A virtual vitória de Biden marca o retorno de um democrata à Casa Branca desde a saída de Barack Obama, que governou o país entre 2009 e 2017 — e de quem Biden foi vice-presidente.
Casado com Jill Biden, Joe Biden nasceu em 1942 na Pensilvânia, em uma família católica. O democrata se notabilizou na política em 1972, quando, aos 29 anos, se elegeu para o Senado pelo estado de Delaware e se tornou uma das pessoas mais jovens a assumir o cargo na história dos Estados Unidos.
A apuração dos votos deste ano começou dramática para o democrata, que perdeu a Flórida (contrariando a média das pesquisas) e sofreu revezes na Geórgia e na Carolina do Norte — estados onde Biden pretendia virar a vantagem obtida por Trump quatro anos atrás.
Mas outras vitórias em estados-chave, com votos contados apenas no fim, determinaram a vitória de Biden segundo as projeções. Uma das razões foi a previsível demora na contagem dos votos que chegaram por correio.
Mais de 100 milhões de eleitores americanos votaram antes do dia oficial das eleições. Isso representa quase 73% do total de pessoas que foram às urnas em 2016. Desses, mais de 64,5 milhões das cédulas foram enviadas pelo correio.
O voto antecipado foi motivado, entre outras razões, por receio de aglomerações na pandemia. E a maioria desses eleitores votou em Biden, já apontavam projeções feitas antes mesmo do dia da eleição.
A pandemia, inclusive, fez Biden evitar comícios com grandes aglomerações ao longo da campanha. O democrata preferiu fazer reuniões com poucas pessoas — ou, já na reta final, atos políticos com carros.
Com informações do G1.
Foto: Angela Weiss/AFP.