Por Veja
2021 começará mal para o presidente Jair Bolsonaro caso o PT, logo mais à tarde, confirme seu apoio a Baleia Rossi (MDB-SP), candidato a suceder Rodrigo Maia (DEM-RJ) na presidência da Câmara dos Deputados a partir de 1º de fevereiro próximo.
Restará a Arthur Lira (PP-AL), candidato de Bolsonaro, apostar em traições a Rossi, o que sempre será possível. Para eleger o presidente em primeiro turno são necessários 257 votos de um total de 513. O voto é secreto.
Com a adesão do PT, o grupo comandado por Maia reúne 11 partidos – PT, PSL, MDB, PSB, PSDB, DEM, PDT, Cidadania, PV, PC do B e Rede. Juntos, eles somam 269 votos. Ao grupo ainda poderão se juntar o NOVO e o PSOL.
Lira conta com o apoio do PP, PL, PSD, Republicanos, Solidariedade, PTB, Pros, PSC, Avante e Patriota que, juntos, somam 204 votos. Ou seja: 65 votos a menos do que tem hoje o grupo de Maia. O Podemos (10 deputados) deverá aderir a Lira.
A bancada de deputados federais do PT se reunirá a partir das 15 horas em sessão virtual. Lula está em Havana para as filmagens de um documentário sobre sua trajetória política, mas se pôs de acordo com a decisão que será anunciada.
Tão logo seja, Rossi entrará em cena para agradecer o apoio e reafirmar o compromisso assumido de ceder ao PT uma vaga na direção da Câmara caso se eleja. O cargo cobiçado pelo PT é o de Secretário-Geral, o segundo mais importante.
Lira dará início nesta semana a uma maratona de viagens pelos Estados atrás de votos dissidentes. O governo tem jogado pesado para elegê-lo, mas ainda dispõem de muito para oferecer a quem se dispuser a votar em Lira.
O cargo de presidente da Câmara é vital para Bolsonaro, candidato à reeleição no ano que vem. O presidente da Câmara tem o poder de pôr em votação no plenário o que quiser e de retardar votações que não interessem ao governo.
Solitariamente, é ele que aceita a abertura de processo de impeachment contra o presidente da República. E é isso o que Bolsonaro mais teme. Cobiçar votos de traidores implica em pagar mais caro por eles, o que costuma desagradar os demais.
Foto: Cristiano Mariz/VEJA