Por O Globo
A menos de dois dias da oficialização pelo Congresso da vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais de novembro e a 16 dias de sua posse, alguns dos principais nomes da política externa do governo Jair Bolsonaro emitiram manifestações públicas de estima pelo governo de Donald Trump nesta segunda-feira.
Acompanhado por Nestor Forster, embaixador brasileiro em Washington, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) esteve na Casa Branca na tarde desta segunda-feira, a convite da filha de Donald Trump, Ivanka.
A informação foi apurada por Raquel Krähenbühl, correspondente da GloboNews. Segundo ela, além de Forster, Eduardo esteve junto da mulher, Heloísa Bolsonaro e da filha do casal, Geórgia.
O filho do presidente, que preside a Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados e atua como embaixador informal do governo, está de férias. O encontro não tinha sido anunciado antes, e o único registro disponível até agora é um vídeo feito pela própria repórter. Não se sabe se Eduardo Bolsonaro esteve com alguma autoridade americana, mas ele não aparecia na agenda pública de líderes do governo.
Horas antes, o secretário de Estado de Trump, Mike Pompeo, publicou duas mensagens se referindo ao governo Bolsonaro no Twitter.
Pompeo fazia uma retrospectiva de seu mandato, referindo-se a ações tomadas em relação a vários países. Quando abordou o Brasil, disse:
“Nosso relacionamento com o Brasil está na maior alta até hoje. Juntos com o governo Jair Bolsonaro, assinamos um novo acordo comercial de três partes, designamos o Brasil como um aliado importante extra-Otan e lançamos o Diálogo da Estrutura Ambiental EUA-Brasil”.
Em outra mensagem, direcionada a Ernesto Araújo, escreveu: “Não há chanceler mais amante da liberdade do que você Ernesto Araújo. Você, eu, a liberdade. O jogo está rolando”.
Pompeo também postou várias fotos de encontros com Araújo, assim como uma imagem de sua vinda à posse de Bolsonaro.
O chanceler brasileiro respondeu horas depois: “Mike Pompeo, sua visão, sua coragem e sua dedicação aos ideais que consideramos mais caros são uma verdadeira bênção. Patriotas americanos e brasileiros estarão lado a lado, aconteça o que acontecer. Sabemos que a liberdade está em jogo no mundo inteiro. O jogo está rolando!”.
A visita e a troca de mensagens acontecem em meio a uma das transições de poder mais confusas da História americana, com Donald Trump recusando-se a reconhecer derrota e mantendo, com apoio de alguns parlamentares republicanos, alegações infundadas de fraude eleitoral.
Desde antes do início de seu mandato, em medidas fora dos protocolos da diplomacia internacional, o governo Bolsonaro emitiu declarações de apoio explícito ao governo Trump.
O governo brasileiro foi o penúltimo país do mundo a saudar a vitória de Biden, só o fazendo antes da Coreia do Norte, após a oficialização do Colégio Eleitoral.
O governo democrata tem a área ambiental como uma de suas prioridades, e o presidente eleito já deu manifestações de que pressionará Bolsonaro a reverter sua política ambiental e combater a devastação da Amazônia.