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Bolsonaro usa estudo sem evidência para defender vermífugo Presidente cita pesquisa brasileira, mas parte da pesquisa diz que medicação não foi eficaz contra redução dos sintomas da covid-19

5 de janeiro de 2021, 16h02 | Por Redação ★ Blog do Lindenberg

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Por Terra

Em uma publicação feita em sua página oficial de uma rede social, nesta terça-feira (3), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a defender o uso precoce de medicamentos sem eficácia comprovada para o tratamento da covid-19.

O mandatário utilizou dados de um estudo encomendado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, publicado no fim de dezembro na revista científica internacional European Respiratory Journal, para afirmar que o medicamento nitazoxanida, vermífugo conhecido comercialmente como Annita, pode reduzir a carga viral de pacientes infectados pelo novo coronavírus. Na publicação feita por Bolsonaro, ele anexou uma reportagem do programa de rádio “A Voz do Brasil”, que cita os resultados da pesquisa.

O estudo mostrou que a droga pode reduzir a carga viral em pacientes com até três dias da confirmação da doença no organismo, no entanto, não é capaz de reduzir os sintomas da covid-19.

A pesquisa aponta que a carga viral dos 194 pacientes que receberam tratamento com nitazoxanida caiu 55% após 5 dias. Já os 198 pacientes que tomaram placebo, também tiveram redução da carga viral no mesmo período de 45%. Dessa forma, os pesquisadores puderam concluir que não há evidências de que o vermífugo levou à redução dos sintomas da covid-19.

Baixa taxa de óbitos na África

O assunto foi desenrolado a partir de uma primeira publicação feita pelo presidente, que divulga uma lista de 9 países que fazem parte da iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) de distribuição de ivermectina. Bolsonaro associou a baixa taxa de óbitos por coronavírus em países africanos à distribuição em massa do medicamento – utilizado no controle da Oncocercose (conhecida também como “cegueira do rio”).

Até o momento, ainda não existe nenhum medicamento que seja indicado para o combate ao coronavírus pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e associações de saúde brasileiras. Segundo a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia e a Sociedade Brasileira de Infectologia, a ivermectina não é capaz de evitar a contaminação pelo coronavírus.

Foto: Reuters

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