Home Saúde Bolsonaro diz que governo apoia aquisição de 33 milhões de doses da AstraZeneca por empresas

Bolsonaro diz que governo apoia aquisição de 33 milhões de doses da AstraZeneca por empresas Presidente defende doação para o SUS de metade das doses e aplicação da outra metade em funcionários das empresas. Em nota, farmacêutica informou que ainda não consegue atender setor privado.

26 de janeiro de 2021, 17h15 | Por Redação ★ Blog do Lindenberg

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Por G1

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira (26) que o governo federal assinou uma carta de intenções favorável à compra de 33 milhões de doses da vacina da AstraZeneca contra Covid-19 por empresas do Brasil.

Ainda de acordo com Bolsonaro, o governo defende que metade dessas doses seja doada para o Sistema Único de Saúde (SUS) e a outra metade, aplicada em funcionários dessas empresas, para garantir que a economia do país não pare.

Bolsonaro informou que foi procurado na semana passada por um grupo de empresários que quer o apoio do governo para a compra das doses.

A vacina desenvolvida pela farmacêutica AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford tem autorização para uso emergencial no Brasil.

O governo federal fez um acordo para obter 100 milhões de doses desse imunizante. Os 33 milhões almejados pelos empresários não estão nesse acordo. Além disso, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) poderá produzir doses no país.

“Semana passada nós fomos procurados por um representante de empresários e nós assinamos carta de intenções favorável a isso, para que 33 milhões de doses da Oxford viessem do Reino Unido para o Brasil, a custo zero para o governo. E metade dessas doses, 16,5 milhões, entrariam aqui para o SUS e estariam então no programa nacional de imunização — seguindo aqueles critérios — e outros 16,5 milhões ficariam com esses empresários para que fossem vacinados, então, os seus empregados, para que a economia não parasse”, afirmou o presidente em uma live do banco Credit Suisse.

Em nota, a AstraZeneca informou que, por ora, não tem condições de vender doses para o setor privado.

“No momento, todas as doses da vacina estão disponíveis por meio de acordos firmados com governos e organizações multilaterais ao redor do mundo, incluindo o Covax Facility [consórcio coordenado pela Organização Mundial da Saúde (OMS)], não sendo possível disponibilizar vacinas para o mercado privado”, disse a farmacêutica.

Na live, Bolsonaro ressaltou que o governo vai estimular, no que for possível, o sucesso da proposta das empresas junto à AstraZeneca.

“No que puder essa proposta ir à frente, nós estaremos estimulando, porque com 33 milhões de graça aqui no Brasil, para nós ajudaria — e muito — a economia e aqueles que porventura queiram se vacinar, porque a nossa proposta é voluntariado, o façam para ficar livre do vírus”, disse o presidente.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, que também falou no evento, disse que a vacinação no setor privado representa uma segurança para a volta ao trabalho.

“É uma volta segura ao trabalho. Quem está empregado vai receber as vacinas. E quem está desempregado? Vai pegar do outro lado lá, os outros 16,5 milhões que foram para o SUS”, afirmou o ministro.

Vacinação

Em sua fala no evento, Bolsonaro afirmou que a vacinação contra a Covid-19 dará “segurança” aos brasileiros e garantirá que a economia “não deixe de funcionar”.

“Brevemente estaremos entre os primeiros lugares [de países que mais vacinam] para dar mais conforto à população, segurança a todos e de modo que a nossa economia não deixe de funcionar”, disse Bolsonaro.

A declaração contrasta com falas públicas do presidente nos últimos meses, em que ele desestimulou a aplicação da vacina, levantando dúvidas sobre a eficácia dos imunizantes e repetindo que ele próprio não se vacinaria.

Em outubro, Bolsonaro chegou a afirmar que o governo federal não compraria doses da CoronaVac, produzida pelo laboratório chinês Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan.

No entanto, há duas semanas, o governo federal comprou doses da vacina, que, depois de aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), foi a primeira a ser aplicada no país. O Butantan é ligado ao estado de São Paulo, governado por João Doria (PSDB), rival político de Bolsonaro.

Teto de gastos

Bolsonaro afirmou ainda que o governo manterá em 2021 o “firme compromisso” com a regra do teto de gastos do orçamento.

No ano passado, o presidente admitiu que o governo discutia a possibilidade de quebrar o teto, declaração que teve reação negativa junto ao mercado — o evento do Credit Suisse era voltado a investidores.

“No âmbito fiscal, manteremos firme o compromisso com a regra do teto de despesas como âncora de sustentabilidade e de credibilidade econômica”, disse.

O presidente também declarou, sem citar especificamente o auxílio emergencial, que medidas adotadas para lidar com a crise da pandemia não se tornarão permanentes.

“Não vamos deixar que medidas temporárias relacionadas com a crise se tornem compromissos permanentes de despesas. Nossos objetivo é passar da recuperação baseada no apoio ao consumo para um crescimento sustentado pelo dinamismo do setor privado”, afirmou.

Bolsonaro também se comprometeu a acelerar privatizações e concessões. Ele também reiterou apoio à agenda de reformas, que não avançou no Congresso no ano passado.

“Também vamos avançar na tramitação de reformas fiscal, tributária e administrativa, em parceria com o Congresso Nacional e a sociedade brasileira”, concluiu o presidente.

Foto: Adriano Machado/Reuters

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