Por Poder 360
Um deputado tucano dizia na manhã de 2ª feira (1º.fev.2020): “O Arthur Lira já ganhou. O que nós precisamos agora é perder com dignidade”. Dali a 12 horas o alagoano Lira, do PP, venceria no 1º turno, com 302 votos.
A constatação do tucano poderia ter sido feita em dezembro de 2020. Na época nem sequer ainda estava escolhido o nome de Baleia Rossi (MDB-SP) como adversário de Lira e já era claro o favoritismo do alagoano.
Há quem ache que isso poderia ter sido revertido com a escolha de outro nome, por exemplo Marcos Pereira (Republicanos-SP), da bancada evangélica, com maior capacidade de angariar votos conservadores.
O fato é que Baleia foi escolhido e que o governador de São Paulo, João Doria, o maior expoente do PSDB, trabalhou por sua candidatura. Almoçou com ele, com o presidente do partido, Bruno Araújo, e com deputados tucanos no Palácio dos Bandeirantes em 15 de janeiro.
Nem todos os tucanos remaram para o mesmo lado. Depois da saída do DEM do grupo de apoio a Baleia, no domingo (31.jan.2020) muitos deputados do partido queriam fazer a mesma coisa. Foi com margem de só duas assinaturas que se conseguiu manter o PSDB no bloco de Baleia.
O prefeito tucano de Ribeirão Preto (SP), Duarte Nogueira, percorria os corredores da Câmara na tarde de 2ª feira para tentar conter a debandada de correligionários. Enquanto isso, os dissidentes se reuniam longe dali, na casa de um deputado.
Assim, é inevitável que a derrota de Baleia caia no colo do PSDB.
Por que não do MDB? Porque a escolha de Baleia foi mais do então presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), do que do próprio partido. Aliás, trata-se de uma legenda muito fragmentada, com vários grupos aliados ao Planalto. Entre senadores, há dois líderes do governo. O DEM, ao ter se aliado a Lira, participou de sua vitória em 1º turno. No Senado, então, mais ainda. Levou a presidência em 1º turno com os 57 votos para Rodrigo Pacheco (MG). O PT está fraco e segue assim. Perde bastante com a vitória de Lira sobre o que ganharia com Baleia no poder, não em relação ao que tem hoje.
São razoáveis as chances de o PSDB continuar a se enfraquecer, a ponto de virar uma legenda inexpressiva. A única chance de evitar que seja assim é chegar com um candidato forte à eleição presidencial do ano que vem. E vencer. Isso parece quase uma miragem hoje.
Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo