Home Ciência Quase um ano do início da pandemia, governos federal e estadual selam parceria para desenvolver vacinas em MG

Quase um ano do início da pandemia, governos federal e estadual selam parceria para desenvolver vacinas em MG Acordo deve acelerar pesquisas sobre imunizante e viabilizar outros projetos; “O CT-Vacinas da UFMG tem tido papel importante na testagem diagnóstica e está trabalhando no sentido de desenvolver uma vacina nacional para a COVID-19, além de outros estudos relevantes para o campo das vacinas, diz reitora.

6 de fevereiro de 2021, 23h43 | Por Redação ★ Blog do Lindenberg

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A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e o governo estadual vão contar com apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações para o desenvolvimento de vacinas em Minas. De acordo com a instituição superior de ensino, a reitora Sandra Regina Goulart Almeida e o vice-governador Paulo Brant foram recebidos esta semana, em Brasília DF, pelo ministro Marcos Pontes, ficando acertada parceria que deve promover incremento nas pesquisas realizadas pelo Centro de Tecnologia em Vacinas (CT-Vacinas) da UFMG e instituições vinculadas ao governo do estado.

Desde que o novo coronavírus se espalhou pelo mundo, ainda no início de 2020, pesquisadores mineiros já estavam na corrida por respostas capazes de frear a pandemia. Com resultados positivos, um entrave grande para que os imunizantes finalmente cheguem à população, são os investimentos e desburocratização dos processos, dizem os pesquisadores.

Para Sandra Almeida, o objetivo do esforço conjunto é viabilizar o desenvolvimento de imunizantes nacionais, o que reduzirá a dependência do Brasil em relação a vacinas e insumos produzidos no exterior.

“O CT-Vacinas da UFMG tem tido papel importante na testagem diagnóstica e está trabalhando no sentido de desenvolver uma vacina nacional para a COVID-19, além de outros estudos relevantes para o campo das vacinas. A parceria estabelecida com o MCTI, envolvendo também o governo do estado, será fundamental não apenas para a continuidade do desenvolvimento do imunizante contra o coronavírus, mas também para as pesquisas com vacinas a longo prazo.”

A reitora da UFMG destacou que o CT-Vacinas tem amplo conhecimento instalado neste campo: “A expectativa é que tenhamos aqui um centro nacional especializado em vacinas para que possamos enfrentar os desafios que sabemos estão por vir. Necessitamos, mais do que nunca, de articulação entre as universidades e os órgãos públicos estaduais e federais para garantir investimento contínuo.”

Em nota distribuída pela UFMG, está a declaração do ministro Marcos Pontes sobre a vacina que está sendo desenvolvida pela UFMG, com tecnologia nacional: “É importantíssima para o estado e para o país e tem grande relevância para ciência brasileira”.

Ja o vice-governador Paulo Brant disse que a iniciativa conjunta “dá esperança à sociedade brasileira em meio à pandemia”. E enfatizou que o CT-Vacinas da UFMG tem desenvolvido “um ótimo trabalho” e que é necessário apoio adicional. “Esse esforço vai contar com o Governo de Minas, com o MCTI e com outras instituições, públicas e privadas, e logo poderemos dar ótimas notícias para os brasileiros”, afirmou.

Testes clínicos

A parceria que une o MCTI, o governo de Minas e a UFMG deverá garantir a sequência de um trabalho que começou no início de 2020, antes mesmo de declarada a pandemia. A equipe do CT-Vacinas logo começou a se organizar para desenvolver o imunizante contra o Sars-CoV-2, e em março o projeto já estava pronto. Em maio, os recursos foram liberados pela Finep, e pouco depois o grupo iniciava os testes com as diversas plataformas vacinais.

Depois da identificação e produção em pequena escala dos antígenos (adenovírus, proteínas recombinantes e outros) e dos testes bem-sucedidos de imunogenicidade em camundongos, o CT-Vacinas está pronto, segundo a professora Ana Paula Fernandes, uma das coordenadoras do Centro, para iniciar os testes clínicos. As fases 1 e 2, de imunogenicidade e segurança em humanos, devem demandar investimento de R$ 15 a 20 milhões. Para a fase 3, ainda não há orçamento. A previsão, segundo Ana Paula, é de que, “se tudo der certo, com a colaboração de todas as partes envolvidas”, os testes em humanos sejam iniciados até o fim deste ano.

O desenvolvimento do imunizante do CT-Vacinas da UFMG adota tecnologia semelhante à utilizada pela Universidade de Oxford, que trabalha com vetores virais (vírus não patogênicos para os seres humanos) capazes de codificar proteínas do coronavírus sem causar a doença, mas estimulando a produção de anticorpos e células de defesa. De acordo com o professor Flávio Fonseca, que também compõe o grupo de coordenação do Centro, a diferença básica entre a vacina que está sendo produzida na UFMG e a de Oxford é a utilização, pelo CT-Vacinas, de outros vetores virais, além do adenovírus. “A estratégia de usar diferentes vetores minimiza a resposta contra o próprio vetor, ampliando a eficácia da vacina”, explica o microbiologista da UFMG.

Ana Paula Fernandes destaca que o CT-Vacinas e outros centros brasileiros têm plena capacidade de produzir vacinas, reduzindo a necessidade de trazer de fora esses produtos. “É preciso quebrar a cultura de importação de imunizantes que impera no Brasil. Os resultados promissores que obtivemos até agora demonstram que temos competência multidisciplinar, dominamos as diversas plataformas vacinais e contamos com ferramentas que estão disponíveis nos grandes centros de pesquisa estrangeiros”, afirma a cientista, ressaltando ainda a importância do financiamento de longo prazo que viabilizou as pesquisas nesse campo, ao longo das últimas décadas.

Fonte: UFMG
(foto: MARCÍLIO LANA/UFMG/DIVULGAÇÃO)

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