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Minas tem só 130 mil doses de vacinas para COVID, sem previsão de mais Governadores pressionam o ministro da Saúde por novos estoques do imunizante. Rio suspende vacinação

16 de fevereiro de 2021, 16h04 | Por Redação ★ Blog do Lindenberg

by Redação ★ Blog do Lindenberg

Por Estado de Minas

Enquanto o mundo avança na vacinação, o Brasil sofre com o plano nacional de imunização: a falta de doses. Cidades como Rio de Janeiro têm a estimativa de que o imunizante acabe hoje – municípios da região metropolitana, como São Gonçalo, Niterói e Duque de Caxias, já tiveram que interromper a vacinação – e Manaus, onde a infecção está descontrolada, a falta de imunizantes também atormenta autoridades e população.

Em Minas, segundo o governador Romeu Zema (Novo), foram enviadas 1.168.060 doses para as regionais de saúde e retiradas 1.032.697 pelos municípios, deixando assim cerca de 130 mil restantes. Durante a pandemia, foi definido que o Ministério da Saúde adquire os imunizantes para os estados e a logística de distribuição e a aplicação fica a cargo dos governadores e prefeitos. Caso as doses acabem, a pasta já afirmou que não tem posicionamento oficial sobre o envio de nova leva, ou seja, se as doses não forem recebidas, o calendário de vacinação poderá ser alterado. Os governadores marcaram reunião para amanhã com o ministro Eduardo Pazuello para definir cronograma de imunização.

A vacinação em Minas Gerais começou em 18 de janeiro, em ato simbólico no aeroporto de Confins. No dia seguinte, foi feita a distribuição para as unidades regionais de saúde e autorizado aos municípios o início da vacinação. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, a distribuição das vacinas será realizada sem interrupção, evitando a descontinuidade das remessas para todos os municípios.

Conforme o Painel Vacinômetro, disponível no site do governo mineiro, foram aplicadas 379.220 vacinas. Cerca de 102 mil pessoas já receberam a segunda dose no estado. Dessas, 91.937 são profissionais da saúde, 8.536 idosos em instituições de longa permanência, 315 possuem algum tipo de deficiência, e 2.121 pertencem à população indígena aldeada.

Mesmo com o risco de não poder vacinar toda a população, Zema afirmou que o plano de imunização em Minas é “eficiente” para enfrentar a COVID-19. “Agora, o objetivo é a distribuição com segurança e rapidez das doses, para que as prefeituras logo vacinem os grupos prioritários e para que possamos ampliar os públicos quando chegarem novas remessas”, explicou. A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais foi procurada pela reportagem do EM para responder sobre a duração de estoques e reposição, mas não retornou as ligações.

O que fazer?

Caso acabem as vacinas, o que fazer? A médica infectologista e mestra em saúde pública Luana Araújo explica que há duas estratégias para tentar imunizar o máximo possível de pessoas. A primeira é vacinar a maioria da população com apenas uma dose, o que não é o ideal, mas acaba aumentando a cobertura de imunização. A segunda é separar a população de risco e aplicar a metade das doses para garantir a segunda aplicação. Nesse segundo caso, apesar de ter um número menor de pessoas, o governo alcança a maior cobertura, sendo que esse grupo estará completamente imunizado.

Segundo a médica, as estratégias dependem inteiramente da maior quantidade de vacina que o governo tem em mãos. Caso seja a AstraZeneca, produzida em parceria com a Universidade de Oxford, a primeira estratégia é a melhor opção. Isso porque o imunizante oferece mais de 70% de eficácia já na primeira dose. No caso da CoronaVac, vacina produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a Sinovac, o melhor resultado seria alcançado caso o governo optasse pela segunda estratégia.

“Pondo isso em vista, se não existem mais doses, é claro que corremos muitos riscos. Não são poucos. O Brasil vive transmissão desenfreada, isso porque as medidas de mitigação tiveram um impacto mínimo. O país precisa de uma vacinação muito acelarada”, explica a médica. Luana também explica que caso o Brasil fique sem doses, o Butantan e a Fiocruz não podem ser culpados. “Se você não tem insumos, o que é uma competência do Ministério da Saúde, você não tem produção. Não é um problema do Butantan ou um problema da Fiocruz, e sim um problema de receber insumos para essas instituições que produzem a vacina”, diz.

Números

Minas chegou a 808.692 casos e 16.887 mortes por COVID-19. De acordo com o boletim epidemiológico, divulgado ontem pela Secretaria de Estado de Saúde, foram confirmados 1.446 casos e oito mortes nas últimas 24 horas. A média móvel é de 4.639 mortes nesta segunda, o que indica que a curva de transmissão no estado se mantém em patamar elevado. Em 17 de janeiro, a média móvel era 7.328 casos, patamar que superou julho, considerado o mês mais difícil no enfrentamento da doença em 2020. Em 26 de julho, foram registrados, 6.307 casos, número até então considerado o ponto mais alto da curva, o pico. No entanto, essa marca foi superada em 2021, com o registro de 10.052 em 4 de fevereiro.

Estados cobram mais remessas do ministério

A redução dos estoques de vacina gera apreensão em várias estados e levou os governadores a agendarem reunião para amanhã com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, para discutir o cronograma de entrega de imunizantes. O encontro foi divulgado no Twitter pelo governador do Piauí, Wellington Dias (PT). Os governadores devem cobrar de Pazuello rapidez na aquisição de novas remessas. Segundo o petista, serão discutidos na reunião o financiamento de UTIs em 2021 e a situação da Sputnik V, vacina desenvolvida na Rússia. “Nos aproximamos de 30 dias do início da vacinação com perspectiva de alcançar apenas 3% da população brasileira vacinada. Nesse ritmo, não vai se concretizar o plano do governo de vacinar, até junho, metade da população”, disse Dias, que coordena trabalhos do fórum de governadores sobre a vacina.

O Ministério da Saúde afirma que 11,1 milhões de doses já foram entregues. Esse volume serve para vacinar cerca de 6,5 milhões de pessoas. Pressionado pela ameaça de uma CPI, Pazuello disse, no último dia 11, a senadores, que metade da população será vacinada até junho. O restante, até dezembro, disse o general. Segundo o ministro da Saúde, o Brasil trabalha para ter “reservas” de vacina e até mesmo exportar para outros países da América Latina.

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (DEM), informou que o município não recebeu novas doses da vacina contra a COVID-19 e por isso terá que interromper o calendário de vacinação na cidade hoje. Segundo mensagem postada em redes sociais, já foram vacinadas 244.852 pessoas. “Só precisamos que a vacina chegue. Nova leva deve chegar do Butantan na próxima semana”, disse o prefeito do Rio. Em Aracaju, a estimativa é de que somente quem precisa receber a segunda dose seja atendido. Já em Salvador, a aplicação foi suspensa para os profissionais da saúde que atuam na linha de frente, atrasando o cronograma, que previa começar a aplicação para os maiores de 80 anos nesta semana.

Natal conta com uma reserva de cerca de 15 mil vacinas, mas apenas 1,7 mil podem ser usadas com novos pacientes. Isso porque o restante está reservado para a segunda dose. Florianópolis conta com um estoque de aproximadamente 1,6 mil doses e a estimativa é de que dure mais quatro dias. Curitiba está em situação semelhante: a previsão é de que, caso não cheguem mais injeções, a vacinação seja paralisada na próxima quarta-feira. Cuiabá calcula ter doses para mais cinco dias. Enquanto isso, a doença avança no país. De acordo com o Ministério da Saúde, são 239.773 mortes (528 nas últimas 24 horas) e 9.866.710 casos (32.197 nas últimas 24 horas).

Foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press

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