Home Política Bolsonaro chama de ‘estado de sítio’ toque de recolher no DF e diz que só ele poderia adotar medida

Bolsonaro chama de ‘estado de sítio’ toque de recolher no DF e diz que só ele poderia adotar medida Governador Ibaneis Rocha decretou toque de recolher das 22h às 5h até o dia 22. Presidente criticou medidas para restringir circulação de pessoas a fim de se conter a expansão da Covid.

11 de março de 2021, 17h27 | Por Redação ★ Blog do Lindenberg

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Por G1

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (11) que o toque de recolher determinado pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), é uma medida de “estado de sítio” que somente ele, na condição de presidente da República, poderia tomar, mediante consulta ao Congresso Nacional.

Na segunda-feira (8), Ibaneis decretou toque de recolher das 22h às 5h, até o próximo dia 22, a fim de tentar conter a expansão de casos de Covid-19 no Distrito Federal, que enfrenta risco de colapso em hospitais.

Em videoconferência com parlamentares da Frente da Micro e Pequena Empresa, ele criticou a medida e outras ações restritiva para conter a expansão da pandemia de Covid adotadas por governadores.

“Até quando nós vamos resistir a isso daí? Aqui no DF toma-se medida por decreto de estado de sítio [sobre toque de recolher]. De 22h às 5h da manhã ninguém pode andar. Só eu poderia tomar medida dessa e, assim mesmo, ouvindo o Congresso Nacional. Então, na verdade, medida extrema dessa, só o presidente da República e o Congresso Nacional poderiam tomá-la. E nós vamos deixando isso acontecer”, disse o presidente.

O artigo 137 da Constituição estabelece as condições em que o estado de sítio pode ser decretado pelo presidente da República, após consulta ao Conselho da República, ao Conselho de Defesa Nacional e pedido de autorização ao Congresso Nacional:

  • “I – comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa;”
  • “II – declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira.”
  • “Parágrafo único. O Presidente da República, ao solicitar autorização para decretar o estado de sítio ou sua prorrogação, relatará os motivos determinantes do pedido, devendo o Congresso Nacional decidir por maioria absoluta.”

Bolsonaro voltou a criticar decisão do Supremo Tribunal Federal, segundo a qual estados e municípios — além da União — também têm poder para adotar medidas restritivas a fim de conter a pandemia. Para o presidente, na prática, a decisão concentrou poder nas mãos de prefeitos e governadores.

“Devemos rever aquilo que por ventura fizemos de errado no passado, justificar e melhorar. Até onde nós aguentaremos?”, indagou.

Ele declarou que governadores estão tomando medidas mais duras que prefeitos, com impacto negativo na economia – citou a interrupção de jogos de futebol, anunciada pelo governo de São Paulo.

Até quando nós podemos aguentar essa irresponsabilidade do lockdown? Estou preocupado com vidas, sim”, afirmou o presidente.

Segundo Bolsonaro, “o efeito colateral do combate ao vírus está sendo mais danoso do que o próprio remédio. Lockdown não é remédio”, acrescentou, apontando o risco de caos social em caso de colapso da economia.

O presidente afirmou que há governador com “tremenda ambição” e que o governo federal se preocupa em salvar empregos, enquanto, segundo ele, governadores, como o de São Paulo, João Doria (PSDB), vão para a “destruição”.

“A política do fecha tudo, fecha o comércio, cuja consequência é a destruição de milhões de empregos”, afirmou.

Vacinas

Bolsonaro, que em várias oportunidades questionou as vacinas e disse que não tomaria, declarou que nunca negou o imunizante contra a Covid e voltou a defender o uso de medicamentos sem eficiência comprovada para tratar a doença.

“Nunca neguei a vacina. Lá atrás, falei que não tomaria uma vacina sem passar pela Anvisa. É isso que fiz. Passou, vamos comprar”, afirmou.

No ano passado, Bolsonaro resistiu à compra de vacinas. Em agosto, o governo recusou uma oferta de 70 millhões de doses da Pfizer para entrega em dezembro – somente agora, sete meses depois, está prestes a assinar contrato com a farmacêutica. Em outubro, Bolsonaro chegou a desautorizar o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que havia negociado a encomenda de doses da CoronaVac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac e pelo Instituto Butantan, de São Paulo. Depois, com o agravamento da pandemia, permitiu e, atualmente, a CoronaVac é responsável pela maior parcela das vacinas aplicadas no país.

O presidente lamentou as mortes por Covid – mais de 270 mil no Brasil – e disse que fará o possível para “zerar” os óbitos pela doença no país. Segundo afirmou, o discurso de que ele é “negacionista” não “colará”.

“Lamento todas as mortes que ocorrem, todas as mortes. Lamento essa desgraça que se abateu sobre o mundo, mas temos que olhar para frente, buscar minimizar a dor dessas pessoas, buscar maneira salvá-las. Como disse no começo, toma vacina”, disse.

Foto: TV Brasil

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