Por Estado de Minas
Dois dias depois de o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) suspender o toque de recolher em todo o estado, o governo de Minas Gerais vai traçar hoje o rumo que dará à onda roxa do programa Minas Consciente, etapa mais restritiva de funcionamento das atividades econômicas.
Reunião na Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) definirá se as restrições continuarão até o próximo domingo, data estabelecida como limite para que seja avaliado um novo panorama diante da ocupação dos leitos das unidades de terapia intensiva (UTIs) nas macrorregiões de saúde, no pior momento de avanço da COVID-19.
A suspensão do confinamento obrigatório das 20h às 5h valerá até hoje, quando nova determinação deve ser emitida pelo governo estadual. Na justificativa da decisão sobre o toque de recolher, o presidente do TJMG, Gilson Soares Lemes, afirmou que a onda roxa “tirou o direito de ir em vir” do cidadão e por isso foi necessário suspendê-la.
A Justiça mineira também havia liberado outra vez as reuniões familiares, desbancando a recomendação do secretário de estado de saúde, Fábio Baccharetti, feita na semana passada, para que a população não se aglomerasse durante o feriado da semana santa.
Baccharetti havia reafirmado que Minas vive seu pior momento na pandemia, com o registro de mais de 25 mil mortes e de mais 1,1 milhão de casos de contaminação pelo coronavírus desde março do ano passado. Na última sexta-feira, o estado bateu o recorde de óbitos em 24 horas, com 486 vidas perdidas para a doença.
Hoje, 94,24% dos 2.950 leitos dedicados a pacientes com COVID-19 estão ocupados em todo o estado. As regiões Leste do Sul (100%) e Leste (97,30%); Centro (97,8%) e Centro Sul (98,17%) são as que mais demandam atenção.
O futuro da onda roxa dependerá da análise geral da ocupação de leitos de UTI. Somente 27 municípios que compõem o Triângulo Norte e outros 11 da região de Patos de Minas avançaram para a onda vermelha do protocolo do estado que libera gradualmente o funcionamento das atividades econômicas. A mudança ocorreu depois que houve um respiro na damanda por internações.
Desde então, municípios como Uberlândia,Ituiutaba, Patrocínio, Monte Carmelo, Coromandel, Patos de Minas. Guimarânia, Lagamar, Lagoa Formosa e Presidente Olegário foram liberados para flexibilizar os serviços, mesmo que o protocolo libere apenas o funcionamento das atividades essenciais. As cidades em questão suspenderam desde o dia 31 o toque de recolher.
Balanço
O secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, afirmou ontem que diante do número alto de pacientes internados nos leitos de centros de terapia intensiva (CTIs) de hospitais públicos e particulares, as mortes provocadas pela COVID-19 tendem a crescer ao longo deste mês. “Nós ainda vamos ter um mês de abril muito duro”, disse, convencido de que o estado só verá perspectiva de baixa dos indicadores da doença respiratória em maio.
A avaliação de Baccheretti foi feita ontem em entrevista à rádio Itatiaia. “Todo mundo que entra no hospital demora cerca de 15 dias para, ou evoluir a óbito, ou ter alta. Nós ainda vamos ter um mês de abril muito duro. Acredito que em maio a gente consiga ter uma queda mais significativa dos óbitos. Mas ainda vamos variar com muitas mortes no mês de abril inteiro”, previu o secretário.
Sobre a suspensão do toque de recolher e a volta da permissão de reunião familiares, imposição antes adotada pela onda roxa do Plano Minas Consciente, Fábio Baccheretti disse que uma decisão será avaliada na reunião do comitê de Enfrentamento da COVID-19 prevista para hoje.
Minas atingiu ontem a marca de 25.795 mortes por COVID-19. Segundo o boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde (SES-MG), mais 82 pessoas foram vítimas da doença em apenas um dia. Desde o início da pandemia, o número total de infectados chega a 1.169.489 no estado, somados 10.450 novos casos em 24 horas. As pessoas que se recuperam somam 1.042.082.
Foto: André Santos/Prefeitura Municipal de Uberaba