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A bolha do Jair: o que o presidente vê quando navega nas redes sociais Maioria dos perfis seguidos pelo presidente são de memes do tipo "Bolsonaro opressor". Há muita bajulação e quase nenhuma visão crítica

12 de abril de 2021, 08h40 | Por Redação Blog do Lindenberg

by Redação Blog do Lindenberg

Por Metrópoles. Quando navega pela timeline de suas redes sociais favoritas, o presidente Jair Bolsonaro vê reafirmada a imagem de “mito” que seus seguidores mais apaixonados criaram e encontra muito negacionismo em relação à gravidade do coronavírus. Apesar de pesquisas mostrarem que uma porção cada vez maior da população perde a paciência com o governo, as críticas não perfuram a bolha que o presidente criou para si no Instagram e no Twitter, na qual visão crítica parece ser o critério de corte.

Seguido por 24 milhões de usuários na somatória das duas redes, o presidente acompanha 555 perfis no Twitter e 528 no Instagram. A mídia tradicional está praticamente excluída da lista de preferências de Bolsonaro, assim como políticos opositores – incluindo os ex-aliados.

Incluídos no cardápio presidencial estão perfis de autoridades do governo, empresas públicas, influenciadores de direita (como Olavo de Carvalho), líderes religiosos (como Silas Malafaia) e políticos aliados e muitos fãs. Artistas sertanejos e atletas dos esportes favoritos de Bolsonaro também aparecem com destaque.

Bolsonaro segue muitos perfis repetidos nas duas redes, mas há diferenças que podem fazê-lo optar por uma ou outra página. No Instagram, a maioria dos usuários que o presidente segue é de produtores de memes bolsonaristas. Perfis como “Bolsogatas”, “Trovão Opressor”, “Vire à direita”, “Mais Brasil 64”, “Bolsomito presida” e “Bolsonaro opressor” são 161 dos 528.

Veja exemplos dos posts que aparecem na timeline de Bolsonaro no Instagram:

Entradas e saídas
Com o governo passando por mudanças, a lista de quem Bolsonaro segue nas redes foi engordada nos últimos dias com perfis como os dos novos ministros Anderson Torres, da Justiça, e Flávia Arruda, da Secretaria de Governo.

O corte na lista depende de quem o presidente acompanha. Os ex-ministros Luiz Mandetta, Sergio Moro e Santos Cruz, Bolsonaro não segue mais. Já Ernesto Araújo, Abraham Weintraub e Regina Duarte seguem bem na fita com o presidente.

Políticos aliados são apenas 57 no Instagram, bem menos do que os 95 no Twitter. Na redes dos 280 caracteres, por outro lado, os memes têm pouco espaço e o ambiente é mais voltado ao profissional, por assim dizer.

Nas duas redes, porém, Bolsonaro segue em peso a mídia alternativa de direita, que ajuda a divulgar narrativas contra a gravidade do coronavírus e até discurso antivacinação.

Veja a estratificação do perfil de quem Bolsonaro segue no Instagram:

Veja a mesma divisão, mas no Twitter presidencial:

Fontes de críticas
É também no Twitter que Bolsonaro segue os perfis de dois representantes da mídia tradicional onde, se ver os posts, pode achar críticas a si: os jornais O Estado de S. Paulo e O Globo. O presidente tem uma ligação antiga com as duas publicações, conforme contado pela jornalista Carol Pires no podcast Retrato Narrado, da revista Piauí e da Rádio Novelo.

Ele lia o Estadão na juventude, em Eldorado (SP), e chegava a escrever para o jornal. Já O Globo foi uma maneira de se manter informado sobre o Rio de Janeiro, onde ingressou na política nos anos 1990. Como não interage com esses perfis, porém, é provável que os veja poucas vezes na timeline. Possivelmente, o presidente vê mais posts de perfis que insultam a mídia de maneira supostamente irônica, como “Foice de S.Paulo” e “Falha de S.Paulo”.

Outra possível fonte de alguma crítica no oceano de bajulação que o presidente montou é o perfil do ex-ministro da Saúde Nelson Teich, que foi mantido na lista de seguidos apesar de não subscrever a maneira do governo lidar com a pandemia quando entrevistado pela grande mídia.

Na falta de mais críticas, sobra espaço na timeline bolsonarista para a reafirmação de suas ideias e até para perfis de conteúdo mais picante/adulto, como este perfil:


Presidente é ilustre seguidor da modelo

Veja outros exemplos do que o presidente vê quando rola a timeline do Twitter:

Os interesses presidenciais nas redes
Apesar de produzir muitas polêmicas com posts próprios nas redes, o presidente procura manter sua interação virtual dentro de limites institucionais na maior parte do tempo. A maioria dos posts que o presidente curte ou compartilha é de órgãos públicos federais e de ministros do governo.

Na última semana, porém, Bolsonaro mostrou que não está alheio aos debates em torno do programa Big Brother Brasil, da Rede Globo. Não sabemos por quem o presidente torce no programa, mas com certeza não é pela concorrente Juliette.


Presidente não gosta de Juliette, participante do BBB

Apesar de poucos likes como esse, em um post sobre o BBB, é possível ver sinais dos gostos do presidente pelos perfis que ele segue nas redes. A música que o presidente mais segue é, de longe, o sertanejo, de nomes mais tradicionais, como Zezé de Camargo e Luciano, a ícones recentes, como Gusttavo Lima.

Entre os esportes, futebol e MMA dividem a atenção de Bolsonaro com automobilismo e alguma coisa de ciclismo.

A ala internacional
Apesar de não entender inglês, o presidente brasileiro marca posição nas relações internacionais nas redes seguindo principalmente perfis alinhados. O ex-presidente norte-americano Donald Trump ele não segue mais no Twitter, porque o perfil foi excluído pela plataforma, mas continua acompanhando no Instagram. O senador republicano Marco Rubio e o ex-advogado de Trump Rudy Giuliani também estão na lista.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, também são seguidos por Bolsonaro, além de Narendra Modi, da Índia, mas nada de Angela Merkel ou Emmanuel Macron, líderes, respectivamente, da Alemanha e da França. O chinês Xi Jimping também não aparece entre os seguidos pelo presidente brasileiro.

O novo presidente dos EUA, Joe Biden, ganhou uma chance na timeline de Bolsonaro, mas é uma exceção. Na Argentina, por exemplo, Bolsonaro segue o ex-presidente Maurício Macri, de quem gosta, mas não acompanha as postagens do esquerdista Alberto Fernandez, atual ocupante da Casa Rosada.

Mais timeline

Veja mais exemplos da timeline do presidente Jair Bolsonaro no Instagram:

Foto: Guilherme Prímola/Arte Metrópoles.

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