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Bolsonaro quer nomear o filho Eduardo embaixador nos Estados Unidos

11 de julho de 2019, 22h50 | Por Carlos Lindenberg

by Carlos Lindenberg

Em meio à votação dos destaques, com risco até de deformação da reforma da Previdência, a depender do que for aprovado, eis que o presidente Jair Bolsonaro resolve anunciar que poderá nomear seu filho, deputado Eduardo Bolsonaro, embaixador do Brasil nos Estados Unidos. O deputado é o da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, embora seja a comissão do Senado que aprova ou não os nomes indicados para as embaixadas brasileiras mundo afora. O que se pergunta é o seguinte: por que escolher o próprio filho para uma embaixada tão complexa como a dos Estados Unidos? E por que anunciar isso no momento talvez mais importante desse curto governo que é a votação final da reforma da Previdência?

Como era de esperar, a notícia alvoroçou tanto a Câmara como o Senado – pelo inusitado, pela inoportunidade, enfim, até pelo despropósito, embora o presidente da República alegue que o deputado deve dar sequência ao alinhamento com os Estados Unidos. Deputados e senadores reagiram à possível indicação de forma veemente. E o que mais se ouviu tanto na Câmara como no senado foi a palavra “nepotismo” para classificar a decisão do presidente Bolsonaro. Abre aspas para o senador Marcos Do Val, do Cidadania, do Espírito Santo, e vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, é a família que está no comando do Estado? Fecha aspas perguntou o senador capixaba. Líder da minoria, o senador Randolfe Rodrigues (do Rede) reagiu bravo e disse que o anúncio era um escárnio e ameaçou entrar com uma representação contra o ato do presidente no Supremo Tribunal Federal caso a possibilidade anunciada por Bolsonaro seja confirmada.

A reação de fato foi negativa junto aos deputados e senadores. Houve até quem lembrou, como o deputado Ivan Valente, de que há uma súmula vinculante do Supremo que proíbe a indicação. Partidários do presidente Bolsonaro reagiram a favor da designação do deputado Eduardo Bolsonaro, como o senador Nelsinho Trad, do PSL, que em defesa da indicação disse abre aspas que quem está chiando vai se candidatar, leva uma facada, ganha a eleição e aí indica quem quiser fecha aspas. O ministro Marco Aurélio Melo, que vetou a nomeação de um filho do prefeito Marcelo Crivela para uma secretaria no Rio, acha que a indicação esbarra na súmula vinculante 13 do Supremo,  por isso mesmo acha que será um tiro no pé do presidente Bolsonaro, para usar uma expressão do próprio ministro, mas espera aguardar os desdobramentos da situação que acabou mexendo com o mundo político quando na Câmara os deputados já finalizam a votação dos destaques. Pelo sim, pelo não, o deputado Eduardo Bolsonaro admitiu renunciar ao mandato – ele foi eleito por São Paulo – para assumir a embaixada nos Estados Unidos.

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