Morreu nesta terça-feira (20), aos 93 anos, o jornalista Fábio Proença Doyle, vítima de embolia pulmonar. Segundo nota, há duas semanas ele lutava contra uma bronquite asmática. Além de jornalista, Doyle era advogado, escritor, professor, tendo se tornado membro da Academia Mineira de Letras e um dos mais importantes representantes do jornalismo. Colunista do jornal Estado de Minas, seu último artigo foi publicado no mesmo dia nas páginas do jornal.
Em depoimento ao jornal EM, o filho Fábio Márcio, também jornalista e economista, lembrou com emoção o pai dedicado, que foi “um homem que amava a vida. Tinha orgulho do Diário da Tarde, onde trabalhava com uma equipe coesa. Um pai muito presente, altruísta e aberto, um enorme coração. Uma ética irreparável, sempre disposto a ajudar as pessoas em sua volta. Ele gozava de muita saúde em seus 93 anos, ainda escrevia com carinho e dedicação ao Estado de Minas em sua coluna semanal, às segundas-feiras. Tinha orgulho de ser fundador do curso de direito do Uni-BH”, disse.
O diretor-presidente dos Diários Associados, Álvaro Teixeira da Costa lamentou em uma nota de pesar.
“Minas perde um dos maiores jornalistas que já tivemos. Um crítico forte, mordaz, mas que sabia reconhecer os acertos dos governantes. Dono de bom senso, tinha grande facilidade para fazer amigos. Particularmente, perdi um grande amigo e um enorme colaborador. Estamos todos de luto”, afirmou.
Fábio Doyle nasceu em Belo Horizonte em 14 de janeiro de 1928, filho de Ernani Doyle Silva, estatístico, e de Maria Hortência Proença Doyle. Casado com Rachel Silva Proença Doyle, deixa os filhos Tânia, Fábio Márcio e Marília, cinco netos e sete bisnetos. O corpo foi velado e sepultado no Cemitério Parque da Colina, em cerimônia reservada aos familiares.
Carreira
A carreira como jornalista começou em junho de 1948, como jornalista auxiliar, no jornal Estado de Minas. Em setembro, foi promovido a repórter e começou a trabalhar na cobertura de política.
No tempo em que participava dessa editoria, de Política, entrou para a Faculdade de Direito da UFMG. Em 1961, tornou-se editor-chefe do jornal Diário da Tarde, função que permaneceu até julho de 2007, quando passou para editorialista do jornal Estado de Minas. Seu último texto foi publicado na edição do estado de Minas.
Foi redator da sucursal de O Globo em Belo Horizonte e redator político do Correio da Tarde, na capital mineira. Além desses, foi também sindicalista e de representação da classe foi secretário do Sindicato dos Jornalistas Profissionais em 1953 e 1954. Presidente do Centro dos Cronistas Político-Parlamentares, com gestão de 1959 a 1961; presidente da Associação Mineira de Imprensa (AMI), de 1966 a 1971, construindo e inaugurando, em sua administração, em 1969, a sede própria da AMI, na Rua da Bahia.
Foi ainda presidente do Conselho Deliberativo e Superior da AMI, desde 1971, e Conselheiro da Federação de Jornalistas de Língua Portuguesa, eleito em Ilhéus, Bahia, em 1983. Fez parte da Comissão Especial do Centenário da Associação Brasileira de Imprensa ABI.
Jurídico
Fábio Doyle também tinha grande vivência na área jurídica. Em 1953, ingressou no Ministério Público do Estado, em 1957. Obteve o segundo lugar para o cargo de procurador da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, do qual se aposentou em 1992, como secretário municipal adjunto. Foi assistente-jurídico da capital entre 1963 e 1965 e assessor jurídico da Secretaria da Fazenda Municipal de 1968 a 1971.
Designado pelo prefeito Luiz Verano, elaborou a Constituição Jurídica da Metrobel, entidade criada pelo então prefeito com a finalidade de construir e administrar a primeira linha do metrô de Belo Horizonte.
Era professor de Teoria Geral do Estado e coordenador geral do curso de direito do Centro Universitário de Belo Horizonte – UNI-BH.
Tem ainda grande importância como escritor, tendo publicado livros, artigos, pareceres e monografias. Seus artigos e crônicas publicados no Estado de Minas e Diário da Tarde, além de outros jornais e revistas do país e de Portugal, chamaram a atenção.
Escreveu 56 artigos sobre os Estados Unidos, publicadas em 1967, no Estado de Minas e Diário da Tarde, que foram traduzidos para o inglês pelo Departamento de Estado do governo norte-americano através do seu serviço Cultural, em Washington.
Tais artigos foram reunidos em um livro com o título “Letters from USA”. Escreveu também artigos sobre Taiwan, Hong-Kong e Tóquio, publicados nos jornais, em 1990.
Pareceres sobre temas jurídicos e de administração como Procurador e Advogado da Procuradoria da Prefeitura Municipal e como Assessor Jurídico da Secretaria da Fazenda municipal.
Outros livros foram “Livro USA 1967 – Retrato de um País em Paz, embora em Guerra”, editado em junho de 1999, versam sobre aspectos da vida e norte-americana na época da Guerra no Vietnã, além de conflitos raciais. “A Cadeira de um Conjurado”, editado em 2002. Tornou-se integrante da Academia Mineira de Letras, em 1998.
Era também cidadão-honorário da cidade de El Paso, Texas, nos EUA, em 1967, e foi medalha de Mérito “Assis Chateaubriand”, concedida em 16 de novembro de 1968, pelo Instituto Histórico e Geográfico de Brasília. Recebeu o título de “Personalidade Artística de 1969”, conferido pelo Conselho de Extensão da UFMG.
Com: Jornalistas de Minas e Estados de Minas
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