Por Metrópoles
A CPI da Covid-19 ouve, nesta quinta-feira (5/5), o atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e o atual diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, em meio a problemas na vacinação contra o novo coronavírus. A situação deverá ser o foco dos questionamentos aos dois.
O depoimento de Queiroga está marcado para as 10h, enquanto o de Barra Torres está previsto para as 14h.
Queiroga deverá enfrentar pressão dos senadores. Contudo, a tropa de choque governista ganhou um reforço na comissão: o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), passou a integrar oficialmente a CPI como suplente no lugar do senador Zequinha Marinho (PSC-AP).
A atual situação da vacinação no Brasil deverá ser o foco dos parlamentares, diante dos atrasos de chegada dos imunizantes, assim como o planejamento para os próximos meses e anos. Já Barra Torres será confrontado em relação à não autorização da vacina russa Sputnik V.
“Vamos saber se tem ou não tem vacina, quais são os contratos e as perspectivas, inclusive planejamento para mais 500 milhões para o ano que vem. Não espere que com essa pandemia que a gente não esteja preparado com vacinas para os próximos dois, três anos”, antecipou o senador Omar Aziz, presidente da CPI da Covid-19.
“A CPI também tem o papel de procurar propostas e fazer com que a gente acelere negociações”, acrescentou Aziz.
As duas oitivas estão mantidas, embora haja uma preocupação em relação à duração delas. Os dois primeiros depoimentos superaram as expectativas de duração. Luiz Henrique Mandetta respondeu aos questionamentos dos senadores por cerca de oito horas; Nelson Teich, por cerca de seis.
O senador governista Marcos Rogério (DEM-RO) disse que o governo não tem preocupação de blindar qualquer depoente.
“Penso que vai cumprir papel importante, trazer dados dos ministérios, a forma como está se tocando a política de combate à Covid-19 neste momento com o olhar para o passado”, declarou Rogério. “[É importante que Queiroga] faça uma análise dos atos praticados desde o primeiro ministro até hoje.”
Rogério destacou a posição da Anvisa ao recusar por ora a vacina russa Sputnik V. “A Anvisa não tem legitimidade só quando aprova. Tem mais quando reprova por questões de segurança. E que ele [Barra Torres] dentro dos limites éticos vai declinar muitas informações importantes face à última decisão, que acabou impedindo a entrada de um dos imunizantes disponíveis”, disse.
Comissão
Os dois primeiros a serem ouvido na CPI da Covid-19, Mandetta e Teich, respectivamente, sinalizaram discordâncias com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre quais medidas deveriam ser adotadas no combate à pandemia do novo coronavírus. Teich, inclusive, ficou na pasta por apenas 29 dias.
Convocado, o ex-ministro Eduardo Pazuello alegou ter tido contato com dois servidores infectados e teve a oitiva adiada para o dia 19 de maio.
A CPI da Covid-19 tem o objetivo de investigar as ações e omissões do governo federal no enfrentamento à pandemia e, em especial, no agravamento da crise sanitária no Amazonas com a ausência de oxigênio, além de apurar possíveis irregularidades em repasses federais a estados e municípios.
Foto: Hugo Barreto/Metrópoles