Leia a íntegra da carta que o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, dois dias antes de morrer.
Aoa correligionários do PSDB, partido ao qual era filiado, a carta foi lida durante evento de filiação do vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, ao PSDB, na última sexta-feira (14).
No documento, Covas comentou a “tragédia sem precedentes” em razão da pandemia do coronavírus e criticou o governo federal que, segundo ele, “vem desdenhando da vida e da saúde dos brasileiros”.
Leia na íntegra
São Paulo, 14 de maio de 2021
Minhas companheiras e meus companheiros,
Espero que estejam bem e protegidos.
Gostaria de em primeiro lugar agradecer a todo carinho, a todas as orações e energia positiva que vocês têm me enviado. Lamento não conseguir responder a tantas mensagens, sintam-se todos abraçados. O apoio e o suporte de vocês têm sido decisivos no meu tratamento. Venho seguindo à risca as orientações da minha equipe médica e, de cabeça erguida, enfrentado os desafios que a vida me impõe. A luta é dura e árdua, mas não esmoreço e sigo em frente.
Esses últimos meses têm sido muito desafiadores para todos nós. A pandemia da Covid-19 tem cobrado um preço caro dos brasileiros e vamos caminhando para contabilizar 430 mil mortos. Uma tragédia sem precedentes que já deixa e vai deixar muitas marcas na nossa história. As consequências são catastróficas: vidas interrompidas, famílias em sofrimento, negócios em dificuldade, desemprego, pobreza e, lamentavelmente, a fome. Faço esse preâmbulo pois é exatamente sobre o que se trata o dia de hoje: política. A solução para nossos problemas só será enfrentada pela via da política, pela via democrática, pela seriedade com que os governos trabalham e realizam políticas públicas.
Tucanas e tucanos podem se orgulhar de todo o esforço que nossos governos, no estado de São Paulo e nos municípios, incluindo a nossa Capital, têm feito para enfrentar a pandemia. Das vacinas em produção e desenvolvimento pelo Instituto Butantan, à expansão vertiginosa da infraestrutura hospitalar, o fortalecimento do SUS em nosso estado é uma realidade.
Em contraposição ao governo federal, que vem desdenhando da vida e da saúde dos brasileiros ao longo da pandemia, o PSDB de São Paulo e seus aliados vêm demonstrando na prática aquilo que é sua vocação: responsabilidade pública, colocar a população, sobretudo a mais pobre, em primeiro lugar, cuidar de gente, fazer um trabalho técnico e baseado em evidências e na ciência, tomar atitudes difíceis e enfrentar as adversidades sempre com respeito, dignidade e defendendo a democracia.
Somos um partido forte, sólido, com muitos serviços prestados ao nosso país e ao nosso estado. Somos um partido de quadros competentes e que colocam o compromisso público em primeiro lugar.
É nesse contexto que quero ressaltar a importância dessa cerimônia de hoje. O momento do Brasil demanda de todos nós espírito público, unidade, agregação, somar e não dividir, não deixar nenhum interesse pessoal sobrepujar o interesse coletivo. Receber em nossos quadros o vice-governador Rodrigo Garcia sinaliza exatamente isso. Ele tem sido incansável na defesa do interesse público. Tenho por ele muito apreço e consideração. Foi decisivo na nossa vitória na eleição passada aqui na Capital e tem sido aliado histórico dos tucanos. Foi aliado do meu avô, foi aliado de Geraldo Alckmin, foi aliado de Serra, meu parceiro e aliado, é aliado do governador Joao Doria, sempre esteve do nosso lado, nada mais natural do que se juntar a nós nessa caminhada.
Vejo nesse ato um resgate da história do nosso partido, inclusive para além das razões que já mencionei, vejo um resgate do nosso manifesto de fundação.
No sonho de nossos fundadores, o Partido da Social-Democracia Brasileira, seria o partido capaz de juntar as forças democráticas ponderadas da república na luta pelo bem comum. Rodrigo é um liberal progressista, um parlamentarista, está afinado com nossos valores e ideais. Sua trajetória e sua experiência político-administrativa vem contribuir em muito para que nosso partido possa se fortalecer ainda mais e continue a promover as mudanças que a população precisa no estado de São Paulo.
Seja bem-vindo Rodrigo Garcia, seja bem-vindo ao ninho tucano, seja bem-vindo a Social-Democracia Brasileira.
Muito Obrigado!
Bruno Covas
Sepultamento
Bruno Covas, morreu às 8h20 dp domingo (16), de câncer, no Hospital Sírio Libanês, na capital paulista. Ele tinha 41 anos e foi enterrado no início da noite de ontem em Santos (SP), sua cidade natal.
O sepultamento foi no jazigo da família, no Cemitério do Paquetá, onde está enterrado há 20 anos o avô, o ex-governador Mário Covas, também vítima de câncer.
Após o velório, no início da tarde, o corpo do ex-prefeito percorreu em cortejo por algumas das principais ruas de São Paulo. Ele recebeu aplausos e a homenagem de militantes.
Covas é o primeiro prefeito da capital paulista a morrer durante o mandato. Quem assume o comando de São Paulo é o vice Ricardo Nunes (MDB), que ocupava o cargo temporariamente desde 2 de maio.
Com Metrópoles
Foto 01: Valéria Gonçalvez/Estadão Conteúdo/Arquivo
Foto 02: Fábio Vieira