O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criticou a forma como senadores conduziram o depoimento da médica Nise Yamaguchi na CPI da Covid ontem e atacou o relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), dizendo que a médica foi “humilhada”.
“Hoje (ontem) estava a Nise Yamaguchi, estudiosa no assunto [pandemia da covid-19]. Está sendo humilhada. Uma covardia. Um cara com 17 inquéritos, PHD em corrupção. Ficaram tentando fazer o quê? Olha que ridículo (…) Ficaram batendo uma hora na nise”, bravejou Bolsonaro durante papo com apoiadores em Brasília.
Nise Yamaguchi, de 62 anos, é uma das principais defensoras da hidroxicloroquina no tratamento da Covid — apesar de a ineficácia do remédio já ter sido comprovada por diversos estudos científicos.
Em depoimento à CPI, a médica defendeu o uso do remédio, mas negou que aconselhava constantemente as políticas de saúde do governo Bolsonaro. Ela também negou ter participado de pedido para que a bula da cloroquina fosse modificada — contradizendo o que foi dito pelo presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres.
Nise também negou participar de um “conselho paralelo” que formule políticas públicas, mas reconheceu ter trabalhado como “voluntária” com um “grupo de médicos” junto ao governo Bolsonaro.
Luana Araújo na CPI
A comissão parlamentar marcou para esta quarta-feira (2), às 9h30, o depoimento da médica infectologista Luana Araújo na CPI da pandemia. No início de maio, seu nome chegou a ser anunciado pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para o cargo de secretária extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, mas a nomeação foi cancelada dez dias depois.
A CPI pretende ouvir Luana Araújo antes de uma nova oitiva com o ministro Queiroga, para conhecer a versão da infectologista sobre os motivos da mudança.
A princípio, estava prevista para esta quarta uma audiência pública para ouvir médicos e pesquisadores contra e a favor do uso de drogas como a cloroquina no chamado tratamento precoce contra a covid-19.
A convocação de Luana Araújo havia sido requerida pelos senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Humberto Costa (PT-PE) logo após o anúncio do cancelamento da nomeação.
— Isso aconteceu muito recentemente e ainda há dúvidas sobre o que fez o governo, o Ministério da Saúde, ao não nomear efetivamente essa pessoa. Há rumores de que seria pelo fato de que ela questiona vários pontos da condução política que o governo tem dado ao enfrentamento da pandemia — disse Humberto.
No evento de 12 de maio em que sua nomeação foi anunciada, Luana disse que iria “coordenar a resposta nacional à covid-19, em diálogo permanente com todos os atores”. Dez dias depois, em nota, o Ministério da Saúde afirmou que a pasta buscava “outro nome com perfil profissional semelhante: técnico e baseado em evidências científicas”.
Com Agência Senado