Home Comentários Governador baiano chuta o balde e escancara a divergência dos nordestinos com Bolsonaro

Governador baiano chuta o balde e escancara a divergência dos nordestinos com Bolsonaro

22 de julho de 2019, 19h53 | Por Carlos Lindenberg

by Carlos Lindenberg

Ao dizer que não vai hoje à inauguração do aeroporto de Vitória da Conquista, uma das mais importantes cidades do interior baiano, o governador Rui Costa, do PT, escancarou a briga que o presidente Jair Bolsonaro comprou com os nordestinos ao dizer, num áudio vazado, que não ia dar moleza ou coisa parecida com os “paraiba”, uma referência que alguns cariocas ainda usam para tratar os trabalhadores de baixa renda do Nordeste que vão para o Rio em busca de melhor qualidade de vida. Esse bate-boca com os governadores do Nordeste, que exigiram uma retratação de Bolsonaro, praticamente ocupou o fim de semana do presidente, e ainda rendeu nessa terça-feira. Bolsonaro insistia que se referia ao governador do Maranhão, Flávio Dino, mas ainda assim cometia um ato não republicano ao discriminar um governador pelo simples fato dele não ser do seu partido político ou do elenco de partidos que o apoiam. Flávio Dino é do PC do B. Mas ao dizer a Ônix Lorenzoni que não queria assunto com os “paraiba”, Bolsonaro voltava à velha política que ele tanto combateu na campanha eleitoral e que, pelo visto, foi definitivamente revogada com o pagamento das emendas parlamentares para aprovação da reforma da Previdência e com o tratamento dado aos governadores do Nordeste que não o apoiam.

O fato é que ontem o governador Rui Costa anunciou que não irá à inauguração do Aeroporto Glauber Rocha e responsabilizou o governo federal por transformar o evento em uma “convenção político-partidária”. Com efeito, o  prefeito de Salvador, Antônio Carlos Neto, virtual candidato ao governo do Estado, do Democrata, resolveu capitalizar o evento, fazendo o governo federal  transformar a inauguração, uma obra que na verdade pertence à coletividade porque afinal foram usados os impostos dos cidadãos para a sua construção, numa festa fechada em que os convidados da  presidência da República serão maioria e os oradores adversários do governador Rui Santos. O governador baiano chutou o balde e escancarou a divergência dos governadores do Nordeste com o presidente Bolsonaro.

Na verdade, há uma queda de braço sobre quem de fato construiu o aeroporto que custou R$ 106 milhões de reais, sendo R$ 75 milhões do governo federal e R$ 31 milhões do governo do Estado. Na publicidade do governo, Rui Costa capitaliza a construção da obra – uma homenagem ao cineasta baiano Glauber Rocha – dizendo que não houve repasses financeiros do atual governo federal para a obra. Os adversários de Rui Costa, sobretudo o prefeito da capital, Antônio Carlos Neto, provável candidato ao governo do Estado, lidera a oposição ao governador baiano e montou uma festa ao melhor feitio do avô – com gente apenas do governo federal e seus aliados no Estado de forma que praticamente não sobrou espaço para o governador Rui Costa que, se sentindo constrangido, resolveu não comparecer, pedindo ao final de seu comunicado paz para que o país possa trabalhar e gerar emprego, não sem antes agradecer ao seu antecessor Jaques Wagner, que começou a obra, à ex-presidente Dilma Rousseff, que liberou duas parcelas do convênio, e a Michel Temer, que liberou o último repasse para a finalização do aeroporto.

Veja o vídeo:

LEIA TAMBÉM

Envie seu comentário