O programa Fantástico da TV Globo mostrou no domingo uma nova denúncia de desmatamento ilegal com madeira retirada da Floresta Nacional e transportada em plena luz do dia.
Segundo a reportagem, o caso foi protocolado no Ministério Público de Brasília e também no Ministério Público Federal com fortes indícios que apontam sobre uma possível extração ilegal.
O carregamento que a equipe de reportagem flagrou estaria sendo levado para uma madeireira particular instalada ao lado da Flona de Brasília, criada há mais de 20 anos para proteger os mananciais do rio descoberto, cuja represa fornece 70% da água consumida na capital do Brasil.
Ela fica entre as cidades de Taguatinga e Brazlândia numa área de 9,3 mil hectares que pertencia à Proflora, empresa de economia mista que plantava pinus e eucalipto para exploração de madeira.
A empresa está em processo de liquidação e tem direito de apresentar um plano de manejo para a retirada do maciço florestal e substituí-lo por espécies nativas. Parte desse patrimônio é o que estaria sendo extraído ilegalmente.
Desafios
Um desafio para o novo ministro do Meio Ambiente, Joaquim Álvaro Pereira Leite, de 46 anos, que segundo informações divulgadas pela imprensa, tem mais relação com a Amazônia, a maior floresta tropical do planeta, do que seu antecessor, Ricardo Salles, pois a retomada do plano de controle do desmatamento, revogado por Salles, recomposição do Conselho Nacional de Meio Ambiente e a reconstituição das metas do Brasil no Acordo de Paris, foram rebaixadas em 2020.
Os apontamentos aguardam um posicionamento oficial do novo chefe da pasta.
Atuando na área privada, Pereira Leite desenvolveu projetos de preservação da floresta, mas também assessorou ruralistas. Ambientalistas definem o novo ministro como “ruralista-raiz”, e estão descrentes quanto às possibilidades de mudança de rumos. Investidores cobram “iniciativas e resultados palpáveis” na política de preservação de florestas.
Operação Akuanduba
No dia 9 de maio, a Polícia Federal deflagrou a Operação Akuanduba, que teve entre os alvos Ricardo Salles e Eduardo Bim, presidente Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
A operação investiga exportação ilegal de madeira.
No ofício que desencadeou a operação, a Polícia Federal afirmou ao Supremo ver “fortes indícios” de que Salles estaria envolvido em um “grave esquema de facilitação ao contrabando de produtos florestais”.
Quando a operação foi deflagrada, Salles chamou a ação de “exagerada” e negou envolvimento em exportação ilegal de madeira.
No início deste mês, a Procuradoria Geral da República (PGR) enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido de abertura de inquérito para investigar o Salles. A relatora do caso, ministra Cármen Lúcia que aceitou o pedido.
Com Fantástico, TV Globo
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