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Mourão dá outra peitada em Bolsonaro quando se imaginava que os dois estavam se acertando Comentário da Tarde - Por Carlos Lindenberg

12 de julho de 2021, 17h30 | Por Redação ★ Blog do Lindenberg

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É bem verdade, como se diz no interior de Minas, que quem está na garupa não governa a rédea. De fato, o vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, não é o chefe do governo, mas não deixa de ser interessante a sua entrevista à CNN quando afirma que, com voto impresso ou não, haverá eleição em 2022, numa posição conflitante com a do presidente Jair Bolsonaro que insiste em que nas próximas eleições é imprescindível o voto “impresso e auditável”, como costuma dizer.

Ora, posicionando-se dessa forma é evidente que o vice-presidente vai comprar uma nova briga com o presidente da República. Bolsonaro aproveita todas as oportunidades para defender a necessidade do voto “impresso e auditável”, no que se supõe que ele pode perder as eleições presidenciais de 2022 e já arruma um pretexto para, quem sabe, tumultuar o processo eleitoral. Ora, o voto eletrônico é auditável, como comprovou o deputado tucano Carlos Sampaio que em 2014, quando se supunha que Aécio seria eleito e acabou sendo derrotado pela candidata Dilma Rousseff, pediu a recontagem dos votos e uma auditoria nas urnas eletrônicas, não encontrando nada que pudesse comprometer a vitória de Dilma – a partir daí foi o que se viu: Aécio se aliou a Temer e ambos derrubaram em 2016 a presidente Dilma Rousseff, o que obrigou o então senador Aécio Neves a disputar um mandato de deputado. Esse assunto voltou à baila há poucos dias porque Bolsonaro disse que Aécio teria derrotado Dilma e que ele, Bolsonaro, teria sido eleito no primeiro em 2018. O TSE e o STJ pediram que Bolsonaro exibisse uma única prova das acusações de fraude que ele vinha fazendo, mas até hoje o presidente da República não conseguiu nada que pudesse robustecer as denúncias de fraude. E tanto o presidente do TSE, Roberto Barroso, como agora o general Mourão vêm a público para dizer que em 2022 haverá sim eleições. A propósito, de tanto fazer ataques aos ministros do STF e ao presidente do TSE, gerando um conflito desnecessariamente, o presidente Luiz Fux, do STF, convidou Bolsonaro para uma reunião nesta segunda-feira, na sede do Judiciário, para evitar essa tensão provocada pelo presidente da República nas suas conversas com os seus seguidores que ficam ali no “cercadinho”, que alguns chamam de “chiqueirinho” ou de “estábulo”, que é na verdade a saída do presidente de sua residência oficial, o Palácio da Alvorada. Vamos ver o que os dois chefes de Poder vão acertar.

Foto: Romério Cunha/VPR/Flickr

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