Por Terra
Um dos signatários do manifesto assinado por empresários e intelectuais em apoio ao sistema eleitoral, o ex-presidente do Santander e da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) Fábio Barbosa afirmou ao Estadão que o texto representa uma mudança de postura do meio empresarial, que não havia se manifestado até agora.
“Muitos setores têm se manifestado. A gente entendeu que esse mundo empresarial não havia se manifestado. Nosso ponto de vista é que o sistema é confiável e não há razão para duvidar da legitimidade das eleições que aconteceram. Vamos ficar quietos assistindo a isso aqui ou vamos participar e colocar nosso ponto de vista?”, afirmou Barbosa. Até agora o texto conseguiu mais de 6 mil assinaturas, segundo o empresário.
O empresário disse que o movimento começou com um grupo de 30 pessoas ligadas ao Centro de Debate de Políticas Públicas (CDPP) e cresceu em 24 horas. “(O manifesto) tem um impacto por ser uma manifestação de empresários que normalmente não se manifestam e evitam entrar em discussões políticas”, avaliou.
O manifesto foi divulgado na quarta-feira, 4, mesmo dia em que o presidente Jair Bolsonaro passou a ser investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no inquérito das fake news, e publicado na edição do Estadão desta quinta-feira, 5. A decisão do ministro Alexandre de Moraes atendeu a um pedido do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A Corte vai apurar a possível prática de 11 crimes pelo presidente.
O texto não cita Bolsonaro, mas é categórico ao dizer que o País “terá eleições e seus resultados serão respeitados” e ao afirmar que “a sociedade brasileira é garantidora da Constituição e não aceitará aventuras autoritárias” – leia abaixo a íntegra e a reprodução do manifesto.
Sobre os desdobramentos do documento, Barbosa que é preciso esperar. “Vamos ver como as coisas vão caminhar. O Congresso está definindo agora se vai votar. O Brasil tem uma série de problemas, e a Justiça Eleitoral não é um deles”, diz.
Além de Barbosa, entre os signatários estão nomes como Frederico e Luiza Trajano, do Magazine Luiza, Pedro Moreira Salles e Roberto Setubal, do Banco Itaú Unibanco, Carlos Jereissati, do Iguatemi, Pedro Passos e Guilherme Leal, da Natura, e Luis Stuhlberger, gestor do Fundo Verde. Também assinam economistas como Armínio Fraga, Pedro Malan, Ilan Goldfajn, Persio Arida, André Lara Resende, Alexandre Schwartsman e Maria Cristina Pinotti.
Leia a íntegra do manifesto
“O Brasil enfrenta uma crise sanitária, social e econômica de grandes proporções. Milhares de brasileiros perderam suas vidas para a pandemia e milhões perderam seus empregos.
Apesar do momento difícil, acreditamos no Brasil. Nossos mais de 200 milhões de habitantes têm sonhos, aspirações e capacidades para transformar nossa sociedade e construir um futuro mais próspero e justo.
Esse futuro só será possível com base na estabilidade democrática. O princípio chave de uma democracia saudável é a realização de eleições e a aceitação de seus resultados por todos os envolvidos. A Justiça Eleitoral brasileira é uma das mais modernas e respeitadas do mundo. Confiamos nela e no atual sistema de votação eletrônico. A sociedade brasileira é garantidora da Constituição e não aceitará aventuras autoritárias.
O Brasil terá eleições e seus resultados serão respeitados.”
Foto: Reprodução/Estadão / Estadão