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Lula aposta em “casamento curto” de Bolsonaro com Ciro Nogueira Ex-presidente visitou nesta quarta o Piauí, terra do atual ministro da Casa Civil e apontou entregas não feitas pela articulação do Planalto

18 de agosto de 2021, 16h53 | Por Redação ★ Blog do Lindenberg

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Por Metrópoles

Em visita ao Piauí nesta quarta-feira (18/8), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apostou que o “casamento” do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com o atual ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), será “mais curto” do que os dois imaginam. Lula foi questionado se estaria disposto a dialogar com o Centrão, campo político ao qual pretende o piauiense, que já chegou a ser aliado do petista no passado.

“Posso te dizer aqui, com todo respeito que tenho pelas pessoas, eu não sei por quanto tempo o Ciro ficará com Bolsonaro. Não tenho nenhuma certeza e acredito que esse casamento será mais curto do que eles imaginam”, disse Lula, que não negou estar participando de conversas com o PP, partido de Ciro, em outros estados. “Eu tenho conversado com o PP, eu conversei com o PP em Pernambuco, com gente do PP em São Paulo, gente que vai a São Paulo de outros estados para conversar”, informou.

Lula acredita que o comportamento do presidente Jair Bolsonaro torna insustentável qualquer projeto à reeleição e não descarta um cenário no qual o centrão possa “rifar” o atual presidente na definição de candidaturas para 2022.

“O Centrão não vai se comportar enquanto partido político no processo eleitoral. Quando chegar 2022, os meses de março, maio, abril, junho, cada partido vai pensar como é que está a sua tribo no seu estado. Eu estou cansado de ver candidatos a presidente da República serem rifados”, apontou.

E novamente citou o casamento como metáfora. “Quando a gente casa, é obrigado a fazer um compromisso de amar a pessoa casada na fé, na saúde e na doença. O Ciro deve ter prometido isso paro o Bolsonaro”, disse. “Bolsonaro apostou, ele acreditou e está lá . Vamos ver o que ele vai conseguir”, disse Lula.

Entregas de Ciro

Nesta semana, Lula tem feito visitas por estados do Nordeste, onde tem participado de conversas políticas e agendas fechadas com setores sociais. Na segunda, ele esteve em Pernambuco; na terça, no Rio Grande do Norte; e nesta quarta, no Piauí, de onde seguirá para o Maranhão.

“Bolsonaro levou o Ciro para o governo como se fosse um Deus para salvar a articulação política dele com o Centrão. Eu quero dizer para vocês que um presidente da República que se comporta como o Bolsonaro não terá a sustentação que ele pensa que tem durante o processo eleitoral.

O petista apontou derrotas de Bolsonaro no Congresso depois da chegada de Ciro ao Planalto, o que pode começar a azedar a relação com o presidente.

As declarações de Lula ocorreram em entrevista coletiva nesta quarta, no Piauí.

“Bolsonaro já perdeu nesses dias o voto impresso. Já perdeu na questão da federação partidária e já perdeu no distritão. Então, ele já perdeu. O Ciro começou não tendo a força”, apontou Lula.

“Amortecedor”

O chefe da Casa Civil, ao tomar posse, se autointitulou “amortecedor” do presidente e tem se prestado a exaustão para tentar aliviar a crise que se formou entre o Executivo e o Judiciário, primeiro em torno do voto impresso e, agora, com a intenção de Bolsonaro, de pedir ao Senado impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Ciro busca ainda amortecer tensões de Bolsonaro com o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB-RS) e com setores do Congresso insatisfeitos com ameaças constantes a princípios democráticos.

A esperança de que Bolsonaro parasse os ataques contra os demais poderes acaba se esvaindo a cada entrevista ou discurso do presidente que se tornou repetitivo no ataque às demais autoridades.

“Candidato rifado”

O ex-presidente, que será o nome do PT para a disputa em 2022, chegou a citar exemplos de pré-candidatos que se mostravam como favoritos e que acabaram não obtendo apoio de suas legendas para se candidatarem e lembrou a intenção de Ullysses Guimarães, em 1979, de se candidatar pelo então PMDB, após ter se destacado nacionalmente com a Constituinte de 1988.

“Ele era o superastro da política brasileira. Não havia dentro do Congresso Nacional quem duvidasse que o dor Ullysses deixasse de ser presidente. Quantos votos ele teve? Cinco por cento”, disse Lula, referindo-se ao PMDB.

“A gente percebeu que em cada estado, ninguém se alinhou com Ullysses. Ele foi rifado em quase todos os estados da federação pelo PMDB”, apontou.

Foto: Aline Massuca/Metropoles

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