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Pesquisa mostra nova queda de Bolsonaro

1 de setembro de 2021, 11h14 | Por Redação ★ Blog do Lindenberg

by Redação ★ Blog do Lindenberg

A terceira rodada da Pesquisa Genial/Quaest foi divulgada nesta quarta (01/09) e trás um cenário muito ruim para o presidente Bolsonaro.

A avaliação negativa do governo federal chegou a 48% (+4 pontos em relação a agosto/21), enquanto a avaliação positiva passou para 24% (-2 pontos em relação a agosto/21). As oscilações estão dentro da margem de erro de 2 pontos percentuais.

Chama bastante atenção a segmentação social da avaliação do governo. Por um lado, o governo é mais bem avaliado por evangélicos, homens, residentes nas regiões Sul e Centro-Oeste, mais velhos e com renda mais alta. Por outro, o governo tem mais reprovação dos católicos, residentes do Nordeste, mulheres, mais jovens e com renda mais baixa. São dois mundos sociologicamente muito diferentes.

Vale destacar a piora na avaliação do governo Bolsonaro no Nordeste (de 53 para 59%) e no Sudeste (42 para 47%) entre Agosto e Setembro. Importante destacar que as estimativas apresentadas na pesquisa já incorporam a ponderação de MrP calculadas para cada um dos sub-grupos aqui apresentados, diminuindo significativamente a margem de incerteza sobre a evolução desses percentuais.

Essa divisão remete a segmentação social e política que observamos nas eleições de 2006 a 2014, reforçando a idéia de que o pleito de 2018 foi mesmo atípico.

Se o governo está vivendo seu pior momento, muito se deve à percepção negativa da população sobre os resultados e as perspectivas econômicas do país. Veja, por exemplo, os resultados da pergunta sobre o principal problema do país entre Julho e Setembro deste ano. A cada mês que passa, menos gente aponta a saúde e a pandemia como principais problemas (em julho era 41%, em setembro 28%), e passa a indicar a economia e a inflação como mais graves (em julho eram 28%, em setembro 41%).

Na mesma direção, a pesquisa mostra que aumentou o sentimento de piora da realidade econômica dos últimos 12 meses e caiu o otimismo com o futuro da economia. Passou de 62 para 68% os brasileiros que dizem que no último ano a economia do país piorou, e passou de 50 para 44% os brasileiros que estavam otimistas em relação ao crescimento econômico do país nos próximos 12 meses.

O grande inimigo neste momento é a inflação, não o desemprego. A pesquisa mostra que os brasileiros continuam animados com a possibilidade do país gerar novos empregos (57% continuam acreditando que vamos melhorar a geração de empregos), mas já perderam a esperança que o país será capaz de controlar o aumento dos preços (65% acha que não conseguiremos controlar a inflação).

Outra hipótese que a pesquisa ajuda a rejeitar é a de que o fim da pandemia pode ajudar o governo. O governo não tem conseguido melhorar seu desempenho, embora o nível de preocupação das pessoas com a pandemia esteja despencando, no mesmo ritmo que aumenta os vacinados. Em julho, a preocupação com a pandemia era 79%, em setembro chegou a 66%.

No mesmo período, caiu de 50 para 16% os brasileiros adultos (acima de 18 anos) que ainda não tomaram a vacina. Vale ressaltar que esse é exatamente o mesmo percentual divulgado pela imprensa em relação aos não vacinados ainda, o que significa que a amostragem da pesquisa está bem calibrada para estimar uma amostra representativa da população brasileira.

A eleição continua distante e a escolha decisiva do voto ainda longe de estar definida. Na pergunta espontânea, 58% diz ainda não ter escolhido seu candidato. Lula tem 23% das intenções de voto espontâneas, enquanto Bolsonaro tem 15%. É a primeira vez que o voto espontâneo do presidente oscilou negativamente (ele tinha 18% em agosto/21). Outros nomes pouco aparecem.

A alta indecisão sobre voto espontâneo, não é motivado pelo desconhecimento. Bolsonaro e Lula são conhecidos por quase 100% dos entrevistados, Ciro por 89%, Datena por 82%, Dória por 81% e Mandetta por 56%. Pouco conhecidos, só Eduardo Leite (40%), Rodrigo Pacheco (39%) e Simone Tebet (19%),

Aliás, só os 3 últimos possíveis nomes continuam sendo esperança para a terceira via, que perde força de demanda no eleitorado a cada rodada da pesquisa. A incapacidade de articulação e definição política em torno desse nome, tem desanimado os brasileiros. Entre Julho e Setembro, caiu de 31 para 25% os brasileiros que dizem querer a vitória de um candidato que não seja nem Lula, nem Bolsonaro.

Entre os nomes disponíveis para ocupar essa demanda, chama muita atenção a alta rejeição de Dória (57%) e de Ciro (53%); e o alto desconhecimento de Pacheco (60%), Leite (60%) e Tebet (80%). Só um dos 3 poderia surpreender em uma eleição presidencial no próximo ano, pois são os únicos cujas rejeições são menores do que a de Lula (40%). O ex-presidente, aliás, é quem tem o maior potencial de voto entre os candidatos (40% + 18%). Bolsonaro é o mais rejeitado (62%), embora tenha potencial de voto para desanimar os entusiastas da 3 via (20 + 14%).

Quando os cenários estimulados são apresentados, a polarização Lula e Bolsonaro, com ampla vantagem para Lula aparece claramente. O ex-presidente varia de 44 a 47% das intenções de voto. Bolsonaro, por sua vez, varia de 25 a 26%.

Nessa terceira rodada, Ciro apresenta um desempenho menor do que o observado anteriormente e fica entre 6 e 9%. Dória também oscila negativamente, e aparece entre 3 e 6%. Quem mostra consistência é o Datena, com 7%. Os desconhecidos Rodrigo, Leite e Tebet, pontuam menos, o que era de se esperar.

Nos cenários de segundo turno, Lula ganha muito bem de todos os concorrentes. Bolsonaro, perde para Ciro e empata com Pacheco, que tem total desconhecimento.

A pesquisa também mostra que as motivações para votar em Lula e Bolsonaro são bem distintas. Enquanto os eleitores de Lula justificam seu voto por que consideram que Lula fez uma boa gestão; os eleitores do Bolsonaro justificam seu voto pela gestão apresentada pelo presidente, para evitar a volta do PT e pelos atributos pessoais do presidente. Há um percentual de eleitores de Bolsonaro que ainda pode migrar para um candidato de 3 via mais forte, caso ele represente a possibilidade de derrotar o PT.

A pesquisa mostra, por fim, que o interesse por política aos poucos vai aumentando com o passar do tempo. A expectativa é chegar na boca da eleição com interessa muito alto em destaque.

A pesquisa Genial/Quaest foi realizada entre os dias 26 a 29/8 por meio de 2.000 entrevistas presenciais domiciliares em 124 municípios das 27 unidades da federação. A margem de erro é de 2 pontos percentuais.

Foto: REUTERS/Adriano Machado

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