Ninguém sabe o que aconteceu para que a juíza Carolina Lebbos tenha decidido ontem mandar para o Estado de São Paulo o ex-presidente Lula – de onde o juiz corregedor Paulo Eduardo de Almeida Sorci o enviou para a Penitenciária de Tremembé, no Vale do Paraíba. Dizer que a decisão da juíza se deveu a uma reclamação da Polícia Federal em função dos transtornos que a presença de Lula causava à sede da PF e às suas imediações, não é de todo crível. Na verdade, a PF vem reclamando disso desde que os simpatizantes de Lula passaram a ocupar aquele espaço e dar boa noite e bom dia ao ex-presidente.
Lula ocupa uma cela chamada de “estado-maior” na sede da PF em Curitiba, vale dizer, tem uma espécie de sala à sua disposição, dada à sua condição de ex-presidente da República – coisa destinada também a juízes, desembargadores e afins que por ventura forem presos, o que é raríssimo de acontecer. Nessa mesma condição está o ex-governador Eduardo Azeredo, preso numa “sala de estado” no Corpo de Bombeiros, em Belo Horizonte. A ordem da juíza Carolina Lebbos, substituta do ex-juiz Sérgio Moro e sua fiel seguidora, não prevê nenhuma cela especial para o ex-presidente, o que possibilita que Lula possa ser colocado junto com outros presos, a despeito de ontem ainda no final da tarde surgir boatos de que uma cela estava sendo preparada para o ex-presidente.
Quem quiser saber o que é o presídio de Tremembé, onde estão alguns presos famosos, deveria conversar com o empresário Marcos Valério, preso hoje numa APAC nas imediações de Belo Horizonte, depois de passar também pela Papuda, em Brasília. Em Tremembé, onde estava com mais quatro presos, Marcos Valério se viu de repente sozinho ao mesmo tempo em que entraram dois outros supostamente detentos que o agrediram com tal selvageria que quebraram os seus dentes, deixaram hematomas pelo corpo e um ferimento feito por um “chuço” que quase trespassou um de seus pulmões. Valério tem fotos, exame de corpo delito feito por um médico de fora do presídio, por que lá não autorizaram e entrevistas que foram publicadas em diversos jornais do país – inclusive no Hoje em Dia, na época. O Supremo Tribunal Federal deveria julgar ainda ontem a decisão extemporânea e eivada de dúvidas da juíza Carolina Lebbos, de Curitiba.