Por Terra
Com a rescisão contratual imposta a Alexandre Garcia e a prolongada ausência no vídeo de Caio Coppolla, a CNN Brasil agora está praticamente livre da fama de ser um canal bolsonarista disfarçado.
O veterano jornalista e o bacharel em direito faziam defesa enfática do presidente e de seu governo. Vozes isoladas em meio a âncoras e comentaristas de posicionamento neutro ou assumidamente progressistas.
Hoje, a CNN Brasil produz um jornalismo tão ou mais crítico a Jair Bolsonaro do que sua principal concorrente no segmento de notícias, a GloboNews. Detalhe: o dono da emissora, Rubens Menin, é um entusiasta declarado do presidente.
Antes mesmo de estrear, em março de 2020, a CNN brasileira já era vista com desconfiança por quem previa um alinhamento à direita no espectro político, ainda que a emissora original, americana, seja liberal e detestada pelos conservadores.
Houve quem esperasse uma versão local da trumpista Fox News. O engano durou pouco. Nomes fortes das bancadas, como William Waack e Monalisa Perrone, logo abriram fogo contra Bolsonaro. O presidente nunca foi poupado, como acontece nos telejornais do SBT, Record e RedeTV.
A saída ruidosa de Alexandre Garcia e o sumiço de Caio Coppolla deixam o canal da Avenida Paulista em situação mais confortável, sem as cobranças motivadas por discursos considerados radicais ou pró-fake news.
Mas suscitam um questionamento: uma emissora que se pretende imparcial não deve abrir espaço para todas as linhas de pensamento? Não ter comentaristas de direita é jornalisticamente aceitável?
Nos bastidores da imprensa (há muita fofoca nas redações), comenta-se que Garcia e Coppolla terão o mesmo destino em breve: a TV Jovem Pan News, emissora pró-Bolsonaro com estreia marcada para 17 de outubro em operadoras de TV paga. A conferir.
Foto: Reprodução/TV e Alan Santos/Presidência da República