Home Comentários Lula já avisou a Kalil que ele precisa sair para buscar votos no interior do Estado

Lula já avisou a Kalil que ele precisa sair para buscar votos no interior do Estado Comentário da manhã - Por Carlos Lindenberg

27 de outubro de 2021, 08h50 | Por Redação ★ Blog do Lindenberg

by Redação ★ Blog do Lindenberg

Mesmo sem vir a Belo Horizonte há algum tempo, coube ao ex-presidente Lula avisar ao prefeito Alexandre Kalil que ele precisa sair de Belo Horizonte e buscar votos no interior do Estado – como, aliás, está fazendo o governador Romeu Zema, provável adversário de Kalil nas eleições para o Palácio da Liberdade em 2022.

E por que Lula deu o aviso ao prefeito Alexandre Kalil? Porque Lula está de olho nas pesquisas e sabe que, enquanto Kalil fica em Belo Horizonte, não há uma semana que seu provável adversário, Romeu Zema, corre o interior, ora inaugurando obras ora distribuindo cheques para hospitais regionais, mas sempre rodando o interior, onde se concentram cerca de 65 por cento dos eleitores, cabendo à região metropolitana de Belo Horizonte o restante. É aí que está o perigo para Alexandre Kalil. Ele bate o governador Zema na capital, mas perde no interior, onde se concentra o maior número de eleitores do Estado. Mas Kalil não parece preocupado com isso, pelo menos não menciona esses detalhes quando conversa com quem o vai visitar. Prefere falar, por exemplo, em quantos votos tem tal vereador ou quantos votos dispõe o outro, quase todos atualmente seus adversários, embora garanta que ainda tem maioria na Câmara – número por sinal já colocado em dúvida por quem vive nos bastidores do legislativo municipal e sabe, por exemplo, que, na verdade, quem manda na Câmara dos Vereadores hoje, por força de seu prestígio junto ao governador Zema, é o deputado Marcelo Aro, que congrega, não por acaso, as forças antagônicas a Alexandre Kalil. O deputado federal Marcelo Aro foi indicado, recentemente, pelo governador Zema como seu, digamos, embaixador junto ao governo do presidente Bolsonaro, mesmo tendo a bancada um coordenador, no caso, o deputado Diego Andrade, de forma que Minas Gerais passa a ter, na prática, dois deputados coordenando a sua bancada de 53 deputados, a segunda maior da Câmara, perdendo apenas para a de São Paulo, onde está também o maior eleitorado do país.

Se Lula sabe que Kalil tem ficado preso em Belo Horizonte, sabe também que ele enfrenta dura oposição na Câmara de Vereadores, onde responde a três CPIs, e onde já começa a correr uma onda de que talvez fosse melhor fazer o impeachment do prefeito – tese manipulada de fora para dentro e com o discreto aplauso do governador Romeu Zema que, neste caso, poderia até ficar sem concorrente de peso nas eleições de 2022.

Mas, no fundo, a oposição ao prefeito Kalil quer é vê-lo desidratado até chegar a fase pré-eleitoral. O que poucos sabem, no entanto, é que a entrada em cena do senador Rodrigo Pacheco, provável cabo eleitoral de Kalil, até porque são agora do mesmo partido, poderá desequilibrar o jogo em favor do prefeito da capital, desde que se sabe que as campanhas presidenciais têm peso maior do que as campanhas regionais – é por essa razão que os partidos nacionais buscam sempre os puxadores de votos porque são eles que dão o tom da campanha, ainda que os temas locais também tenham peso nas disputas regionais.

Tudo bem. E se o senador Rodrigo Pacheco não decolar na chamada terceira via? Aí fica mais difícil a eleição do prefeito Alexandre Kalil porque Pacheco se mantém como senador e pode se preparar para a próxima eleição, mas Kalil não. Daí a estratégia do governador Romeu Zema de desgastar Kalil cada vez mais na Câmara de Vereadores, lhe criando um embaraço atrás do outro, contando com a ajuda do deputado Marcelo Aro, claro, até que possa fazer o prefeito, quem sabe, desistir da disputa, ainda mais agora quando além da Câmara o prefeito começa a ter problemas junto à sua própria equipe de assessores, já tendo vazado gravações envolvendo o seu secretário de governo, Adalcléver Lopes, vazamento esse que Kalil considera fora de contextos e provavelmente editados, o que, no entanto, não alivia o desconforto interno criado pelo incidente. Kalil, velho mitingueiro, sabe que urubu não pousa em galho seco nem limpa o bico onde outras aves limparam o seu. Essa, aliás, é a primeira lição dos que entram na política, coisa que Kalil já aprendeu desde que se matriculou definitivamente na política partidária e já não pode mais dizer, como fez na disputa do primeiro mandato, que é um antipolítico – porque de fato não o é mais. Mas é bom que atentem para um detalhe desse jogo que começa a ser jogado agora: Kalil não quer o apoio do PT no primeiro turno, se ele continuar candidato até lá, mas adoraria tê-lo no segundo, ainda mais se Rodrigo Pacheco não decolar na chamada terceira via. Como se vê política não é feita só de discursos, ainda mais em Minas onde o jogo se joga na sombra.

Foto: Reprodução/Redes sociais

LEIA TAMBÉM

Envie seu comentário