Por RD1
Crítico do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Gilberto Gil soltou o verbo novamente contra o político. Em entrevista ao site francês Franceinfo Culture, o cantor baiano falou sobre a forma como o Governo vem lidando com a crise sanitária.
“Eu estava acompanhando de perto a evolução da situação, do lado da ciência, da medicina, da pesquisa… Fui paciente, esperei, esperei. Depois, foi algo da ordem de se acostumar com essa situação, com as dificuldades do dia a dia”, disse ele, ao ser questionado se presenciou a pandemia no país.
Questionado se sentiu “raiva do presidente”, Gil garantiu: “Raiva pessoal, eu não sentia. Porque eu não esperava mais nada deles. Eu já sabia que eles eram loucos. Não sentem um interesse profundo pela Nação, pela sociedade … É difícil, faltam-me as palavras”.
Ao jornal Folha de S. Paulo, o famoso comentou os gritos de “fora, Bolsonaro” que ouve em apresentações pelo mundo.
“As pessoas têm se manifestado às vezes. Não vejo reflexo dessas questões no meu trabalho, não tenho músicas que tratem dessas questões”, declarou o artista.
Gilberto Gil completou: “Mas, como cidadão, como pessoa, acompanho tudo com muito interesse e expectativa, esperando que a próxima eleição requalifique o voto brasileiro para que a gente tenha um grupo político também mais qualificado para dirigir o país”.
Nos últimos dias, ele falou que o atual Governo Federal “ignora as necessidades culturais”. Na entrevista, ele relembrou o início de sua carreira, em Salvador, o encontro com Caetano Veloso na universidade, a luta contra a ditadura, os anos de exílio e a carreira política.
“Durante meu mandato [como ministro da Cultura de Lula], mais de 3.000 locais de cultura, com material multimídia e acesso à internet, foram inaugurados, especialmente nas favelas e nas comunidades indígenas da Amazônia: apenas por esse projeto, meus cinco anos no ministério valeram a pena”, comentou o famoso.
Gilberto Gil, então, falou dos cortes drásticos do atual Governo na área da cultura, reduzindo o ministério a uma subsecretaria.
“Bolsonaro ignora todas as necessidades culturais dos brasileiros. Ele também não entendeu a necessidade para a nossa sociedade de se abrir ao mundo. Nossa diplomacia tem que ser completamente repensada, nossos representantes precisam ser substituídos. Minha missão como artista é de encorajar essa tomada de consciência. E hoje diversos artistas se dedicam a essa missão comigo”, desabafou.
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