Por Metrópoles
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ironizou, na manhã desta terça-feira (9/11), sua mudança de posicionamento sobre a possibilidade de fraude nas eleições. Na segunda, o chefe do Executivo nacional disse que passou a acreditar na urna eletrônica depois de saber que as Forças Armadas acompanharão o processo eleitoral.
“O Exército poderia pular dentro do TSE para resolver esse assunto [indícios de fraudes nas eleições], mas Barroso baixou portaria convidando as Forças Armadas e nós aceitamos”, disse Bolsonaro durante entrevista ao jornal da Cidade Online.
Até pouco tempo, o chefe do Executivo fazia questão de tecer críticas ao tradicional processo eleitoral com urnas eletrônicas. Ele defendia o uso de comprovantes impressos para que não houvesse “fraude” em futuros pleitos.
Em setembro, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, criou a Comissão de Transparência das Eleições (CTE) e o Observatório da Transparência das Eleições (OTE). O objetivo dos dois órgãos é “ampliar a transparência e a segurança de todas as etapas de preparação e realização das eleições”.
Além de especialistas, a comissão é formada por representantes do Congresso Nacional, do Tribunal de Contas da União (TCU), da Polícia Federal e até das Forças Armadas.
“Conversando com ministro e comandantes das Forças aceitamos convite para participar de todas as etapas das eleições, desde a abertura do código fonte até a sala secreta. Assim sendo, pode confiar no sistema eleitoral. Dificilmente vai ter uma fraude nele. Repito: as Forças Armadas participarão de todos os processos por ocasião das eleições do ano que vem”, disse Bolsonaro em tom conciliador.
O discurso vai totalmente contra as próprias falas do presidente nos últimos meses, antes da pauta do voto impresso ter sido rejeitada no Congresso Nacional. Bolsonaro também costumava rivalizar sobre o tema com o presidente da Corte eleitoral.
“Ele foi um dos que ajudou a tirar o cara da cadeira, o tornou elegível, e todo mundo desconfia que é para elegê-lo dentro da sala escura, lá do TSE”, disse Bolsonaro em setembro sobre Barroso. “Não podemos admitir isso. Temos dois laudos da PF dizendo que as urnas não são confiáveis e precisam de um mecanismo para que o voto seja contado de verdade, só isso que queremos”, assinalou Bolsonaro, sem apresentar provas.
Foto: WILTON JUNIOR/AE