Por G1
O vice-presidente Hamilton Mourão declarou nesta terça-feira (23) que houve falta de integração entre os militares e os órgãos ambientais no combate a crimes na Amazônia durante as operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
Mourão fez a afirmação ao conceder entrevista após a 7ª Reunião do Conselho Nacional da Amazônia, comandado por ele, e disse também ser o “culpado” pela falta de integração.
Na semana passada, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) informou que a área desmatada na Amazônia passou de 13.235 km² entre agosto de 2020 e julho de 2021, o que representou aumento de 22% no desmatamento. Foi o maior número registrado desde 2006.
Desde que o presidente Jair Bolsonaro assumiu o governo, tem autorizado o emprego de militares em ações na Amazônia.
“Minha observação: na primeira fase dessas operações, que foram se encerrar em abril deste ano, não houve essa verdadeira integração entre o trabalho das Forças Armadas e as agências ambientais”, declarou Mourão nesta terça.
“Consequentemente, as Forças Armadas realizaram operações de cerco, buscaram largas apreensões de material, mas não havia a presença do agente que realmente é o capaz de emitir a multa, de realizar a verificação, no detalhe, que não é pertinente ao conhecimento que as Forças Armadas possuem”, acrescentou.
Nesta segunda (22), Mourão já havia dito, também em entrevista, que é preciso “manter a pressão nas operações” contra crimes ambientais na Amazônia, além de avançar em outras áreas, como pagamento por serviços ambientais e regularização fundiária.
‘Recuperação’ de agências ambientais
Ainda na entrevista desta terça, Mourão disse que, para alcançar o objetivo de zerar o desmatamento ilegal até 2028, conforme o governo anunciou na COP26, é preciso manter ações permanentes na região.
O vice-presidente disse ainda que isso passa pela “recuperação” das agências ambientais, por meio de mais recursos e agentes.
“Essa questão da permanência é fundamental, e por isso eu conversei com secretário executivo do meio ambiente, é fundamental a recuperação da capacidade operacional das agências ambientais”, afirmou.
Limitações
Mourão afirmou ainda que, como presidente do Conselho da Amazônia Legal, tem limitações de atuação por ser vice-presidente da República.
“Em relação às falhas de integração, eu tenho os meus limites, eu tenho um limite na minha cadeira como presidente do Conselho da Amazônia legal. Eu não dou ordem. Essa é uma diferença claríssima em relação ao trabalho de coordenação e integração”, afirmou.
Apesar disso, Mourão se disse responsável pelas falhas de integração entre os órgãos e os militares.
“Se você quer um culpado, sou eu. Não vou dizer que foi ministro A, B ou C. Eu não consegui fazer a coordenação e a integração da forma que ela funcionasse. Ela só foi funcionar na última fase da operação, quando a Samaúma aconteceu, e aí a turma acordou para a necessidade de conversarem uns com os outros, despirem seus preconceitos e a partir daí houve a sinergia dos trabalhos”, declarou.
Foto: FLORIAN PLAUCHEUR / AFP