Por Metrópoles
Em evento no Palácio do Planalto, nesta quinta-feira (9/12), relativo ao Dia Internacional de Combate à Corrupção, o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a disparar críticas a seu ex-ministro Sergio Moro, que chefiou a pasta da Justiça e Segurança Públicaentre janeiro de 2019 e abril de 2020.
“A Polícia Federal faz o seu trabalho, a PRF [Polícia Rodoviária Federal] nunca teve tanta produtividade depois que nós chegamos. Em especial aquele outro cara, que não fazia operação no estado que interessava para ele. Mesmo com toda a liberdade, nunca mostrou serviço, a não ser também desde o começo do mandato fazer intrigas”, disse o chefe do Executivo, sem mencionar Moro diretamente.
No discurso, Bolsonaro afirmou ainda ter questionado o então ministro da Justiça sobre inquérito da Polícia Federal (PF) contra um parlamentar e inquirido por que outros deputados, em situação semelhante também não eram investigados.
Em 2019, a PF abriu um inquérito contra Marcelo Álvaro Antônio (PSL-MG), então ministro do Turismo, e pivô do “laranjal do PSL”, revelado pelo jornal Folha de S.Paulo. Na quarta-feira (9/12), Bolsonaro já havia dito que as investigações eram “direcionadas” e “selecionadas” por Moro.
Sobre o rompimento com Moro, Bolsonaro recorreu a uma analogia com o casamento: “Às vezes as pessoas não são o que a gente toma conhecimento pela mídia. É igual um casamento, a gente vai se conhecer em profundidade depois que começa a dormir junto, pra valer”.
Alvo de artilharia
A demissão do ex-ministro foi motivada pela exoneração de Maurício Valeixo, então diretor-geral da PF. Valeixo era homem de confiança de Moro e chegou à direção da PF indicado pelo próprio ex-juiz. Quando o presidente pediu a troca no comando da corporação, o então ministro tentou intervir, mas, sem sucesso, acabou pedindo demissão. Saiu atirando contra Bolsonaro.
Antes de deixar o primeiro-escalão de Bolsonaro, no entanto, Sergio Moro era chamado pelo presidente de herói nacional, “símbolo de coragem e patriotismo” e do combate à corrupção.
Em novembro deste ano, quando Sergio Moro estava prestes a se filiar ao Podemos para disputar as eleições presidenciais de 2022, Bolsonaro disse que o ex-ministro “sempre teve um propósito político” para além do cargo no primeiro escalão do governo. Desde então, o ex-juiz da Lava Jato tem sido alvo da artilharia do presidente.
Sergio Moro se filiou ao Podemos em novembro deste ano, a pouco menos de um ano das eleições de 2022. O ex-juiz não anunciou oficialmente a qual cargo pretende concorrer no pleito, mas o evento de filiação o definiu como “o futuro presidente da República”.
Recentemente, Bolsonaro disse que Moro não aguentaria 10 segundos de debate e debochou de propostas do pré-candidato.
Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles