Por Metrópoles
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgou, nesta terça-feira (21/12), um estudo que aponta a vacinação de crianças contra a Covid-19 como estratégia para evitar que a cobertura de imunização no Brasil fique estagnada e permita a circulação do vírus em níveis altos.
Na última quinta-feira (16/12), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a aplicação da vacina Pfizer em crianças de 5 a 11 anos.
Apesar da autorização do órgão regulador, a vacinação do público infantil ainda não tem data para começar. A medida depende de aprovação do governo federal, que deve incluir as crianças no Programa Nacional de Imunizações (PNI) e adquirir doses especiais para esta população.
Além disso, o presidente Jair Bolsonaro (PL) se opôs, em diversas ocasiões, à vacinação do público infantil.
O estudo elaborado pela fundação mostra que, atualmente, aproximadamente 85% da população brasileira é apta a se vacinar contra a Covid, considerando todas as pessoas acima dos 11 anos.
De acordo com a Fiocruz, desde setembro, o ritmo de aplicação da primeira dose de vacinas no Brasil está em desaceleração. Em outubro, o índice chegou próximo de zero, cerca de 0,08% por dia.
Segundo especialistas, a queda sugere que a vacinação está próxima do limite, com 74,95% da população vacinada com a primeira dose. Para evitar a estagnação dos índices, o estudo sugere ampliar as faixas etárias para imunização.
“A grande maioria dos estados segue esta tendência [de desaceleração], variando apenas a velocidade de aumento da cobertura, que foi sistematicamente maior nos estados das regiões Sul e Sudeste”, explica o pesquisador do Observatório Covid-19 da Fiocruz e um dos autores do estudo, Raphael Guimarães.
O estudo também mostra estados do Norte, que têm população mais jovem, apresentam cobertura mais baixa. Além disso, a pesquisa aponta que há desigualdade entre as regiões do país na cobertura vacinal, motivada pela dificuldade no acesso aos imunizantes.
“De fato, de acordo com a análise, a cobertura da vacinação é menor em áreas mais carentes e entre grupos de minorias étnicas. Portanto, é fundamental fortalecer estratégias comprometidas com a redução da iniquidade de vacinação”, pontuou Guimarães.
Aquisição das doses
Para o pesquisador, o governo federal deve ter “celeridade” na compra dos imunizantes destinados ao público infantil.
“É essencial obter celeridade no processo de aquisição das vacinas que tenham comprovada segurança para crianças de 5 a 11 anos, para que esse grupo fique protegido e permita uma maior cobertura vacinal total no país”, afirmou o cientista.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou, no último sábado (18/12), que o governo federal fará uma consulta pública em janeiro de 2022 para ouvir a opinião da sociedade sobre a vacinação de crianças contra a Covid,
Mesmo com respaldo técnico da Anvisa, de sociedades médicas e da Câmara Técnica Assessora de Imunização contra a Covid (Cetai), vinculada ao ministério, Marcelo Queiroga defende que a vacinação de crianças ainda não é “consenso”.
Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles