Por G1
A tensão entre ucranianos e russos não vem de hoje. Os dois países têm uma longa história compartilhada. No início dos anos 1930, a Ucrânia, nação conhecida pelas terras férteis e grande produção de cereais, não tinha mais o que comer. O país não era independente. Fazia parte da União Soviética.
Quando Lênin era o líder, nos primeiros anos da União Soviética, a Ucrânia tinha certa autonomia. Mas quando Stalin assumiu o poder, ele determinou a criação forçada de fazendas coletivas. Mesmo os pequenos proprietários — que eram tolerados por Lênin — começaram a sofrer perseguição.
A estimativa é que, entre 1931 e 1934, cerca de quatro milhões de ucranianos tenham morrido de fome.
Para se salvar, muitas pessoas cometeram os atos mais extremos. A dona Anna, ucraniana que emigrou para o Brasil, nunca se esqueceu das histórias que escutou: “Às vezes, uma pessoa gorda passava pela casa de alguma família e ela já não saia viva de lá. Matavam e cozinhavam”, conta.
Os ucranianos têm um nome para esse período: “Holodomor”: genocídio pela fome. Mesmo as gerações que não viveram a época se sentem marcadas por ela.
Desde 1991, com o fim da União Soviética, a Ucrânia é um país independente. Mas as histórias do país e da Rússia se confundem. É que o berço da Rússia moderna é a Ucrânia.
Ao longo dos séculos, a Ucrânia fez parte de impérios, sofreu inúmeras invasões, foi incorporada pelos russos e pelos soviéticos, se tornou independente, mas nunca resolveu por completo sua relação com a Rússia.
O clima na fronteira é tenso pelo menos desde 2014. Cerca de 13 mil pessoas já morreram no conflito. E agora, mais incerteza, sob a liderança, na Rússia, de Vladimir Putin.
A possibilidade de a Ucrânia entrar para a Otan, a aliança militar criada pelos Estados Unidos em 1949, durante a Guerra Fria, é o centro da tensão atual.
Foto: Sean Gallup/Getty Images