Home Saúde Cidades que mais apoiaram Bolsonaro em 2018 tiveram as piores taxas de mortalidade por Covid em 2021, aponta estudo na ‘Lancet’

Cidades que mais apoiaram Bolsonaro em 2018 tiveram as piores taxas de mortalidade por Covid em 2021, aponta estudo na ‘Lancet’ Segundo pesquisa, o padrão foi observado mesmo considerando as desigualdades estruturais entre os municípios.

16 de março de 2022, 16h14 | Por Redação ★ Blog do Lindenberg

by Redação ★ Blog do Lindenberg

Por G1

As cidades brasileiras que mais apoiaram o presidente Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno em 2018 foram as que registraram as maiores taxas de mortalidade pela Covid-19 no ano passado, aponta uma pesquisa publicada nesta semana na revista “The Lancet”.

A conclusão é de cientistas da Fiocruz e da Universidade de Brasília (UnB). Segundo os pesquisadores, o padrão foi observado mesmo considerando as desigualdades estruturais entre os municípios.

Veja as constatações na imagem abaixo: o mapa grande, em laranja, mostra a taxa de mortalidade por Covid-19 padronizada para cada 100 mil habitantes em 2021. O mapa verde, acima, mostra a proporção de votos em Bolsonaro no segundo turno da eleição de 2018. Quanto mais escuro o tom de laranja, maior a taxa de mortalidade por Covid; quanto mais escuro o verde, maior o apoio ao presidente.

Na imagem, mapa grande mostra taxa de mortalidade por Covid-19 padronizada para cada 100 mil habitantes; acima, mapas menores mostram, da esquerda para direita, a hierarquia urbana das cidades segundo a classificação do IBGE; a renda conforme o IDH; o índice de Gini de desigualdade de renda; e, no mapa verde, a proporção de votos em Bolsonaro no segundo turno da eleição de 2018. — Foto: Diego Ricardo Xavier, Eliane Lima e Silva, Flávio Alves Lara, Gabriel R.R. e Silva, Marcus F. Oliveira, Helen Gurgel e Christovam Barcellos

No artigo, os pesquisadores apontam que, enquanto a desigualdade de renda e de infraestrutura em saúde foram as principais responsáveis pelo cenário da primeira onda de Covid no Brasil, a segunda onda foi “explicitamente moldada pela escolha partidária dos municípios”.

“Ou seja, municípios que escolheram Bolsonaro como presidente do país apresentaram taxas de mortalidade por Covid-19 intensificadas na segunda onda”, salientam os autores.

“Esse comportamento pode ser explicado pelo fato de que, quase um ano após a pandemia, o governo federal ainda se recusou a apoiar recomendações de distanciamento social e uso de máscara”, apontam, além de ter promovido tratamento precoce com medicamentos que já tinham tido sua ineficácia comprovada.

Segundo os pesquisadores, essas atitudes impulsionaram o “comportamento de risco das pessoas alinhadas ao pensamento do presidente Bolsonaro, expondo-as à Covid-19 e resultando em maior taxa de mortalidade”.

Por isso, afirmam, municípios que, a princípio, tinham melhores condições de lidar com a pandemia – como Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) melhor, melhores serviços de saúde e menor desigualdade de renda – podem ter tido maior mortalidade devido ao seu posicionamento político.

“Assim, nossa análise demonstra que a escolha partidária foi um dos fatores que explicam por que municípios brasileiros com as mesmas características de desigualdade, renda e serviços de saúde se comportaram de forma diferente na primeira e segunda ondas da pandemia de Covid-19”, reforçam os cientistas.

Foto: Fernando Zhiminaicela/Pixabay

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