Por Carlos Lindenberg
Cabo Anselmo tinha 80 anos e foi usado tanto pela esquerda da década de 60 como pelos militares a partir daí. Anselmo, o famoso cabo Anselmo, morreu terça-feira em Jundiaí e foi sepultado nesta quarta.
Anselmo foi o mais conhecido agente duplo da ditadura militar e chegou a afirmar que delatou militantes da esquerda para não ser morto – o que parece ser mais uma de suas histórias, ainda que, na verdade, armou uma arapuca para militantes da esquerda em um sítio, em Pernambuco, onde estavam seis pessoas, isso em 1973, e todos foram mortos, incluindo a sua companheira, a paraguaia Soledad Barret Viedma, que, segundo ele, na chacina de Pernambuco havia um compromisso para que Soledad fosse poupada e pudesse viver em Cuba, onde se diz que o cabo Anselmo também teria morado e até feito um curso de guerrilha.
O que ninguém discute é que o cabo Anselmo foi um agente infiltrado pelos militares nos movimentos de esquerda, tendo sido o agitador que movimentou o comício dos marinheiros em 1964 e que contribuiu para derrubada do presidente João Goulart naquele ano. O cabo Anselmo, para que ninguém duvide, fez até plástica no rosto para não ser reconhecido, a partir da década de 70, tendo sido negado o seu pedido de indenização pelo regime da época.
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