Dom Mol, reitor da PUC Minas e presidente da Comissão de Comunicação da CNBB, reforçou ontem a visão crítica da Igreja em relação também ao tratamento que as universidades públicas e privadas vêm recebendo do governo federal.
O pronunciamento de Dom Mol segue o do arcebispo de Belo Horizonte e presidente da CNBB, Dom Walmor, que na semana passada fez um grito de alerta a respeito do incêndio que devasta parte da Amazônia. “Levante sua voz, pela Amazônia”, foi o apelo que o presidente da CNBB fez em defesa da floresta amazônica. Ontem, foi a vez de Dom Mol. No mesmo tom. Como em outubro o Papa Francisco convocou o Sínodo dos Bispos da região amazônica, englobando nove países, dá para sentir que não é só o calor do incêndio que está subindo não. O ambiente entre o Vaticano e o governo brasileiro também começa a esquentar, ainda mais depois que o GSI divulgou a informação de que está “monitorando” essa relação dos bispos da região amazônica com o Vaticano.
E aqui vale contar uma história que ilustra o cuidado que os governantes devem ter com as religiões de um modo geral, mesmo com o crescimento das evangélicas – leiam-se neopentecostais – mas sobretudo com a Igreja Católica, ainda de longe a detentora do maior número de fiéis. Era governador de Minas Gerais Francelino Pereira e uma comitiva do DER foi levar a ele o filme de uma campanha que o governo iria divulgar a propósito das novas estradas em construção. Dentro do ônibus usado para as filmagens, só havia atores. De repente, para mostrar que a viagem corria calmamente sobre um asfalto novo, um ator encenando a figura de um padre se levanta e pega uma pasta sobre a sua cabeça enquanto calmamente tira um livro, possivelmente uma bíblia para ler durante a viagem.
Ao final, todos gostaram do filme. Francelino ficou em silêncio, pensativo. Depois, perguntou a razão do destaque na figura do padre. Alguém explicou que não era exatamente um destaque, mas é que num ônibus intermunicipal viaja todo tipo de passageiros, dentre eles o padre ou a irmã de caridade, etc. Francelino, astuto como qualquer mineiro, embora nascido no Piauí, perguntou se o padre era indispensável no filme. Disseram que não, mas que dava um toque especial, até mesmo pelo fato de se levantar para pegar a pasta. Francelino, recomendou: -olha, com a Igreja não se brinca. Se o padre não é indispensável, vamos tirá-lo desse filme. É melhor ter o ator contra o governo do que a Igreja inteira.
E todos riram da perspicácia do então governador, embora de fato o ator vestido de padre desse um toque especial ao filme. Mas quem poderia dizer como o arcebispo da época, Dom João Resende Costa, iria entender a presença do padre já meio gordinho num filme que fazia a propaganda do governo? Pois é. Prudência e caldo de galinha que não fazem mal a ninguém. Francelino vetou o padre e a paz entre o governo e a Igreja continuou inabalável. Mineiro sabe das coisas!
Veja o vídeo:
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Foto: Reprodução