Por Metrópoles
Um evento com a presença do presidente Jair Bolsonaro (PL) em Minas Gerais nesta quinta-feira (16/5) ocorreu ao som do hino ufanista da ditadura militar “Eu te amo meu Brasil”.
Centenas de apoiadores do presidente o receberam ao som do hino que movia os militares do regime na cidade de Coronel Fabriciano, no Vale do Aço. Bolsonaro participou de uma cerimônia de entrega de casas populares no residencial Buritis.
O chefe do Executivo federal chegou à recepção acompanhado de ministros, entre eles, militares como os generais Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Braga Netto (Defesa).
Veja o momento em que Bolsonaro é recebido com o hino ufanista do regime militar:
O presidente aproveitou para cumprimentar apoiadores e tirar fotos. Políticos mineiros ainda usaram a entrada do presidente para fazer selfies e gravar vídeos.
No palco, interpretes de Libras (Língua Brasileira de Sinais) também traduziam a letra da música para os demais presentes.
Conheça a história da música:
A canção foi usada como propaganda dos governo militares no momento em que divulgavam o chamado “milagre econômico” do país e que, ao mesmo tempo, pessoas eram mortas ou desapareciam nos porões da repressão.
A música foi composta por Dom, da dupla cearense Dom e Ravel, em 1970 e virou símbolo dos chamados adesistas, ou seja, artistas que eram favoráveis ao regime.
Além dessa composião, a mesma dupla fez “Você também é responsável”, que foi um hino do programa de alfabetização do governo Médici, o Mobral, anos mais tarde.
A Copa do Mundo de 1970, vencida pelo Brasil, foi usada como motivo de aprovação do regime autoritário. No clima da Copa, a canção foi gravada pelo grupo Os Incríveis. Na época, a canção tornou-se ainda mais popular que a própria música oficial da competição “Pra Frente, Brasil”, composição de Miguel Gustavo.
A década de 1970 foi muito marcada pela propaganda nacionalista. Além das músicas, o governo difundia o slogan: “Brasil, ame-o ou deixe-o”, enquanto vários intelectuais, artistas e opositores eram obrigados a sair do país para não serem presos e torturados.
Em contraponto às marchinhas associadas ao governo, artistas críticos do regime, como Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Milton Nascimento, lançavam canções politizadas.
Foto: Gustavo Moreno/Metrópoles