Home Política Pela primeira vez PSDB não terá candidato à presidência por que resolveu apoiar Simone, do MDB.

Pela primeira vez PSDB não terá candidato à presidência por que resolveu apoiar Simone, do MDB. Pré-candidata do MDB também conta com apoio do Cidadania. João Doria venceu prévias do PSDB em 2021, mas desistiu por falta de apoio; segundo pesquisa, Tebet tem 2% das intenções de voto.

9 de junho de 2022, 16h37 | Por Carlos Lindenberg

by Carlos Lindenberg

Por G1

A Executiva Nacional do PSDB oficializou nesta quinta-feira (9) o apoio à pré-candidata do MDB à Presidência da República, senadora Simone Tebet. Com o anúncio, a parlamentar será a representante de três partidos: MDB, Cidadania e PSDB.

Nesta quarta (8), houve uma reunião em Brasília entre integrantes de PSDB, MDB e Cidadania na qual foi fechado o apoio tucano a Simone Tebet. Foram 39 votos a favor da aliança e 6 contrários.

O anúncio desta quinta-feira foi feito pouco mais de 15 dias depois de o então pré-candidato do PSDB à Presidência, João Doria, ter anunciado a desistência da disputa. Embora tenha vencido em 2021 as prévias do partido, o ex-governador de São Paulo perdeu o apoio interno durante este ano.

Desde que Doria desistiu da disputa, Simone Tebet vinha afirmando que gostaria de contar com o apoio dos tucanos.

O colunista do g1 Valdo Cruz mostrou, porém, que uma ala do partido ainda defendia uma candidatura própria, enquanto outra ala condicionava o apoio a Tebet se o MDB passasse a apoiar candidatos tucanos em alguns estados, entre os quais Pernambuco e Rio Grande do Sul.

PSDB sem candidato próprio

Essa será a primeira vez, desde a redemocratização, que o PSDB não terá candidato próprio à presidência (Mario Covas disputou em 1989; Fernando Henrique Cardoso, em 1994 e 1998; José Serra, em 2002 e 2010; Geraldo Alckmin, em 2006 e 2018; e Aécio Neves, em 2014).

O deputado Aécio Neves (MG), um dos tucanos que defendia o lançamento de uma candidatura própria do PSDB, afirmou nesta quarta que não vai mais “tensionar essa questão” dentro da sigla.

Aécio afirmou que o apoio a Simone Tebet é um movimento encabeçado pela direção do partido e avaliou que a aliança não terá “correspondência na política real”.

“Temo que em vários estados o PSDB terá enorme dificuldade de caminhar com o MDB. Para o país era necessário que o PSDB tivesse candidatura própria para sinalizar para o futuro o que chamaria de uma reinstitucionalização da política. O PSDB ausente dessa eleição é muito ruim para o partido, para as candidaturas do partido, mas acredito que seja ruim também para o país”, declarou.

Aécio disse, no entanto, que a decisão da Executiva Nacional não é definitiva. Para ele, é preciso esperar para avaliar como a candidatura da senadora “vai se portar” até o período das convenções partidárias. As convenções servem para que os partidos definam os candidatos que vão disputar nas eleições.

Neste ano, o prazo para as convenções ocorrerem vai de 20 de julho a 5 de agosto. O pedido de registro da candidatura deve ser feito até 15 de agosto.

Pesquisa Datafolha divulgada no mês passado mostrou o ex-presidente Lula (PT) com 48% das intenções de voto, seguido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), com 27%. Simone Tebet apareceu em quinto lugar, com 2% das intenções. Na pesquisa anterior, de março, a senadora apareceria em oitavo lugar, com 1%.

A reunião que definiu o apoio

A decisão anunciada nesta quinta-feira foi tomada em um encontro híbrido, do qual os dirigentes do partido participaram presencialmente ou de forma virtual.

A reunião, na prática, validou acordos firmados pelo presidente do PSDB, Bruno Araújo, com dirigentes do MDB e do Cidadania nas últimas semanas.

O anúncio do apoio do PSDB, porém, era aguardado desde o dia 25 de maio, data em que as três siglas combinaram de reunir, separadamente, as respectivas direções para ratificar o nome da senadora. O PSDB, no entanto, adiou a reunião por duas vezes em razão de divergências entre alas do partido.

O União Brasil, partido resultado da fusão entre PSL e DEM, chegou a integrar o grupo com PSDB, MDB e Cidadania a fim de lançar um candidato único. A legenda decidiu, porém, lançar uma candidatura própria, e o pré-candidato é o deputado Luciano Bivar (SP), presidente da sigla.

Agora, a expectativa é que o PSDB indique um candidato a vice-presidente para a chapa de Simone Tebet. O nome mais cotado é o do senador Tasso Jereissati (CE). Tasso participou da reunião na noite de quarta, que reforçou o alinhamento do PSDB ao MDB.

Tasso estava na reunião ocorrida na noite de quarta, que reforçou o alinhamento do PSDB ao MDB. Nesta quinta, o senador participou de forma remota do encontro da Executiva.

Palanques regionais

Os colunistas do g1 Valdo Cruz e Julia Duailibi mostraram nas últimas semanas que, para apoiar Simone Tebet, o PSDB exigiu uma contrapartida: o apoio do MDB a candidatos tucanos em alguns estados, como Pernambuco e Rio Grande do Sul.

No Rio Grande do Sul, o pré-candidato do MDB a governador é Gabriel Souza, enquanto o PSDB espera lançar o ex-governador Eduardo Leite, que renunciou neste ano.

Presidente do PSDB, Bruno Araújo chegou a dizer que, se não houvesse “posição concreta” do MDB sobre o tema, o PSDB ficaria “aberto a pensar em outra alternativa”.

Até esta quinta, porém, o MDB gaúcho mantinha a pré-candidatura de Souza. Segundo o presidente do PSDB, mesmo sem a solução dos palanques regionais, as conversas com o MDB seguirão.

Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

LEIA TAMBÉM

Envie seu comentário