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Cai a distância entre Lula e Bolsonaro

6 de julho de 2022, 09h04 | Por Redação ★ Blog do Lindenberg

by Redação ★ Blog do Lindenberg

Por Felipe Nunes

Completamos 1 ano de pesquisa Genial/Quaest! Esta rodada mostra que a polarização está muito consolidada, com a distância entre eles menor do que no último mês. Em voto espontâneo, Lula tem 31% das intenções de voto e Bolsonaro 24%. Indecisos somam 40%.

No voto estimulado, a distância entre Lula e Bolsonaro também diminuiu: passou de 16 para 14 pts. Lula aparece com 45% das intenções de voto, Bolsonaro 31%. Os demais candidatos somam 12%. Com esses números, não é possível afirmar se a eleição será definida no 1º turno.

A polarização parece bem consolidada se avaliamos os índices de decisão de voto, que chegam a 78% entre eleitores de Lula e a 76% entre eleitores de Bolsonaro.

Durante o primeiro semestre, a imagem de Bolsonaro melhorou. Sua rejeição caiu de 66% para 59%. No mesmo período, Lula manteve seu patamar de rejeição próximo dos 41%. Nem perdeu haters, nem ganhou fãs!

Mas em que estratos conseguimos captar variação pró-Bolsonaro? A variação mais significativa se deu no Nordeste, onde, embora a distância permaneça favorável a Lula, a diferença entre eles diminuiu 16 pts.

Também observamos uma redução significativa da distância Lula e Bolsonaro no Sudeste, sugerindo que há um movimento forte em favor do presidente em SP, RJ e MG. Também chama atenção a diminuição da diferença de intenção de voto entre Lula e Bolsonaro entre as mulheres. Bolsonaro conseguiu ‘roubar’ voto de Lula neste estrato nesse último mês, reduzindo a diferença de 28 para 19 pts.

Também observamos uma mudança significativa nas intenções de voto no segmento do eleitorado que tem renda familiar entre 2 e 5 salários. A diferença de 16 pts em favor de Lula em junho, se transformou em uma vantagem de apenas 9 pts em julho.

O que pode explicar essa variação pró-Bolsonaro? Minha hipótese é que Bolsonaro conseguiu passar a impressão de que está tentando resolver os problemas do povo. Vejamos algumas evidências para sustentar essa hipótese. Por exemplo, caiu o percentual de eleitores que responsabilizam Bolsonaro pelo aumento do preço dos combustíveis (de 28 para 25%). Ele conseguiu terceirizar parte da responsabilidade para a Petrobras (de 16% para 20%).

Além disso, 42% dos eleitores dizem que o presidente está fazendo o que pode para impedir o aumento no preço dos combustíveis. Note que este % é maior do que o que declara intenção de voto nele. Essa nova atitude de Bolsonaro tem potencial para alavancar sua imagem.

O eleitorado está muito informado sobre o que Bolsonaro vem tentando fazer na pauta econômica. 60% sabem que o presidente está tentando aumentar o Auxílio para R$ 600, 54% que ele brigou para forçar a saída do presidente da Petrobras, 46% que ele está tentando criar subsídios para as categorias de transporte e 45% que ele está forçando a redução do ICMS dos estados.

Esse alto conhecimento tem produzido efeitos positivos sobre as chances de voto em Bolsonaro. Entre os eleitores de Lula, por exemplo, aproximadamente 10% dizem que essas ações tendem a aumentar suas chances de votar no atual presidente.

Entre os eleitores da terceira via, 26% e 27% dizem que a criação do subsídio para os caminhoneiros e a redução do ICMS aumentam suas chances de votar em Bolsonaro. Essa pró-atividade presidencial só não gerou mais resultado porque os escândalos com a prisão do ex-ministro da educação e as denúncias de assédio contra o Presidente da Caixa também ficaram conhecidas (54% cada uma) e produziram danos sobre as chances de voto em Bolsonaro.

Os 10% dos eleitores de Bolsonaro e 43% dos eleitores nem-nem dizem que a prisão de Milton Ribeiro diminui as chances de voto em Bolsonaro. No caso do presidente da Caixa, o dano é ainda maior: 17% dos eleitores de Bolsonaro e 39% dos eleitores nem-nem dizem que as denúncias de assédio contra Pedro Guimarães diminuem as chances de voto em Bolsonaro.

O comportamento pró-ativo de Bolsonaro também foi constrangido pelo fato de que a economia continua sendo o principal problema para os eleitores. O segundo lugar é ocupado agora por questões sociais, o que agrava ainda mais o cenário.

Lula é votado por quem diz que a economia ou os problemas sociais são os principais problemas do Brasil atualmente. Bolsonaro vence Lula entre aqueles que dizem que a corrupção é o principal problema do país.

A pesquisa foi realizada entre os dias 29/6 e 2/7 por meio de 2.000 entrevistas presenciais domiciliares em 120 municípios nas 5 regiões do país. A margem de erro é de 2 pontos com 95% de nível de confiabilidade. A pesquisa está registrada no TSE sob o número BR-01763/2022.

Foto: Ricardo Stuckert/VEJA

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