Por G1
O advogado da família de Marcelo Arruda, Ian Vargas, falou com exclusividade ao blog sobre as conclusões do inquérito que investigou a morte do tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu no último domingo (10). A defesa e a família repudia indiciamento do policial penal Jorge José da Rocha Guaranho, que baleou e matou Marcelo, por crime que não seja político.
Em relatório apresentado nesta sexta (15), a Polícia Civil conclui que não houve motivação política no crime.
“A defesa entende que houve motivação política, crime de ódio. Até os familiares do acusado relataram que ele chegou gritando [contra Lula e a favor de Bolsonaro]”, disse Vargas.
A defesa diz que o Ministério Público vai ter autonomia para inserir motivação política, que considera notória. “A defesa vai reafirmar que foi motivação política e que vamos levantar quem é a pessoa que informou Guaranhos sobre a festa temática do PT”, afirma o advogado.
O crime aconteceu no sábado (9) quando Marcelo Arruda comemorava seu aniversário de 50 anos em uma festa com tema do PT, do qual ele era integrante. Arruda morreu na madrugada de domingo e Guaranho, que também foi baleado, está internado em estado grave. (leia mais abaixo).
A defesa também acredita que a apuração de informações sobre o crime foi feita em tempo insuficiente para determinar a natureza do crime. “Tivemos a informação de que a perícia do celular do Jorge foi encaminhada ontem [quinta-feira (14)], e agora já apresentam relatório?”, questionou.
“Não estamos alegando que a polícia não tem competência, mas até semana que vem poderiam apurar mais, dar oportunidade para a família fornecer mais informações, realizar mais diligências.”, pondera.
Vargas afirmou ainda que a defesa não teve acesso a depoimentos colhidos e outros materiais obtidos durante a investigação. “Vamos ter acesso [a essas informações] junto com a imprensa”.
O crime
Marcelo Aloizio de Arruda, de 50 anos, morreu na madrugada de domingo (10) após ser baleado na própria festa de aniversário, em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná.
A festa de aniversário comemorava os 50 anos de Marcelo, que era guarda municipal, e tinha como tema o Partido dos Trabalhadores e o ex-presidente Lula. A comemoração era realizada na sede da Associação Esportiva Saúde Física Itaipu.
De acordo com o boletim de ocorrência, Guaranho desceu do carro, armado, gritando: “Aqui é Bolsonaro!”. Testemunhas relataram que o policial penal não era conhecido de ninguém na festa, nem foi convidado.
Segundo o que foi registrado no boletim, o policial penal deixou o local, mas voltou cerca de vinte minutos depois, sozinho e armado. O boletim de ocorrência cita que Guaranho atirou duas vezes contra o guarda municipal, que revidou e o baleou.
Câmeras de segurança registraram o momento em que o policial penal chegou de carro, parou na porta da festa e atirou. Também registraram quando o atirador, em seguida, entrou no salão de festas e disparou novamente contra o guarda municipal.
Foto: Reprodução