O governador Romeu Zema não foi feliz ao deixar de comparecer ao debate da Band, neste domingo. Zema, aliás, cometeu um erro, talvez, fundamental. Deixou para avisar na última hora, talvez estimulado pela ausência de outros candidatos. Antônio Carlos Neto, por exemplo, não compareceu ao debate em Salvador. O governador Ratinho do Paraná, também não.
E por que não o fizeram? Pela mesma razão de Romeu Zema. Todos eles estão muitos pontos à frente de seus adversários e não quiseram se arriscar num debate cara a cara com os demais pretendentes. Zema, no entanto, cometeu um erro comezinho: só avisou à televisão em cima da hora, quando já se sabia até quem deveria debater com ele na primeira pegada, além de ter mandado sua assessoria participar de todos os prolegômenos e este foi seu maior pecado.
Ao fazer isso, Zema deu a impressão de que estava fugindo do embate – e fuga é sempre ruim para um político, ainda que outros candidatos, até mesmo à presidência da República, não tenham participado de debates. Mas no caso do Band, onde estavam seus principais adversários, a “fuga” do governador pegou mal. Até por que estavam lá alguns de seus principais desafiantes, como o ex-prefeito Alexandre Kalil, o candidato do presidente Bolsonaro, senador Carlos Viana, além de Marcos Pestana, do PSDB, e Lorene Figueiredo, do PSOL. O circo estava armado e Zema negou fogo. É verdade que isso pode até não ter tirado votos do governador que é candidato à reeleição. Mas para um político do porte de quem governa Minas, não foi um lance recomendável. Ainda mais que a televisão deixou uma cadeira vazia no estúdio.
Aliás, os antigos ainda se lembram de um episódio parecido que ocorreu quando o ex-prefeito de Juiz de Fora, Itamar Franco, tentou chegar ao Senado da República. Era seu adversário o senador José Augusto – que chegou a fabricar a famosa “Cachaça do Senador”. Itamar sabia que José Augusto estava em casa de amigos e quando o apresentador do programa apontou para a cadeira vazia, eis que Itamar entrou no estúdio e sentou na cadeira, chamando José Augusto para o debate. Tão rápido quanto sentou na cadeira, Itamar saiu. Foi a conta do senador José Augusto chegar e pegar um pedaço de tábua que estava no estúdio e esbravejar – à toa porque Itamar já estava longe.
Daí porque uma cadeira vazia no estúdio é um perigo. Alguém pode sentar-se nela e desafiar os circunstantes para o debate. Não foi o caso de Romeu Zema que certamente já sabia que a “fuga” estava preparada, embora tenha cometido o erro de ter avisado em cima da hora. Com isso, o governador desrespeitou o eleitor, o seu bem mais precioso. Ainda bem que Itamar já não está entre nós. Nem o ex-senador José Augusto, que acabou com isso dando a vitória ao futuro senador, depois presidente da República e governador de Minas Gerais.
Foto: Edesio Ferreira/EM/D.A Press