O vice-governador Paulo Brant se disse surpreendido hoje com a dispensa em massa de todos os 23 funcionários de seu gabinete.
Em suma, foi uma degola geral. Não ficou ninguém para contar a história, o que parece inédito na política mineira, onde, segundo Hélio Garcia, “aqui brigam as ideias, os homens não”. De qualquer forma, segundo o vice-governador Paulo Brant, eleito e diplomado pela justiça eleitoral e empossado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais, o que motivou o gesto do governador Romeu Zema foi o seu direito de disputar o próximo pleito numa chapa diversa da de Zema. De fato, desde algum tempo, o vice-governador se desencantou com o Partido Novo ( o de Zema) e se filiou ao PSDB, compondo a chapa com o também tucano Marcus Pestana.
Paulo Brant está decepcionado com a atitude vingativa do governador, de quem, ao que se sabe, não esperava atitude tão vingativa.
Veja a íntegra da nota:
NOTA À IMPRENSA E À POPULAÇÃO DE MINAS GERAIS
Fui surpreendido na manhã de hoje com a decisão do Governador Romeu Zema de desmobilizar a Vice-Governadoria do Estado, com a exoneração de todos os seus servidores.
A meu juízo, trata-se de um ato mesquinho e truculento, incompatível com a lealdade e o respeito que sempre pautou o nosso relacionamento.
O Governador tentou me atingir, mas não conseguiu. Atingiu, de um lado, a vida pessoal de 23 servidores, que nos últimos três anos e meio trabalharam com dignidade e competência, a serviço do governo, apartidariamente. De outro atingiu, mais uma vez, às tradições, os ritos e os valores sublimes da política mineira, num gesto inédito e que nos envergonha.
Este gesto lamentável transgride frontalmente três princípios basilares da democracia:
a) a impessoalidade na gestão pública, da separação rigorosa dos interesses partidários na condução das questões de Estado;
b) a pluralidade das ideias e da aceitação das divergências como algo essencial à vida em sociedade;
c) por fim, a desconsideração de que a Vice-Governadoria é uma Instituição de Estado, e que o Vice-Governador foi eleito pela população de Minas Gerais, diplomado pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais e empossado pela Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais.
O que motivou esse gesto? O meu direito como cidadão de participar das próximas eleições, em uma chapa não contrária, mas diversa da chapa do Governador. Estou decepcionado, mas determinado a continuar servindo a Minas Gerais como venho fazendo ao longo de toda minha vida, e defendendo aquilo que considero o melhor para os mineiros. Afinal, como dizia o poeta: “Minas Gerais nunca deixará de ser o altar de homens livres”.
Belo Horizonte, 11 de agosto de 2022.
PAULO EDUARDO ROCHA BRANT
VICE-GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS
Foto: Renato Cobucci/Imprensa MG