Por Hoje em Dia/Blog do Lindenberg – blogdolindenberg@hojeemdia.com.br
A três dias das eleições presidenciáveis, há ligeiras oscilações entre os candidatos à Presidência da República. Com um detalhe, no caso de Minas Gerais: o governador Romeu Zema, que participou do último debate na Rede Globo, onde ainda não pediu que votassem em Jair Bolsonaro – em 2018 ele fez isso e acabou ganhando a condição de vencedor –, caiu um pouco enquanto seu adversário Alexandre Kalil pulou de 29% para 34%, podendo até surpreender o atual governador e participar do segundo turno.
Não seria uma tarefa fácil porque a gestão de Zema é bem avaliada, embora no último debate da Globo ele tenha citado o nome do ex-governador Fernando Pimentel 21 vezes no que seu antecessor chamou de “obsessão” pela sua figura.
O fato é que nessas últimas horas, o candidato Luiz Inácio Lula da Silva passou à frente de Bolsonaro no Rio de Janeiro, lidera em São Paulo, em Minas Gerais e em Pernambuco, mas perde no Distrito Federal. Em Minas Gerais, corre a lenda de que o vencedor no Estado, à exceção de Getúlio Vargas em 1953, acaba levando também a Presidência da República, dadas as especificidades de Minas Gerais: uma espécie de síntese do Brasil, pela sua característica de Estado mediterrâneo – ou como dizia João Guimarães Rosa: Minas são muitas.
Essa pesquisa do Ipec (ex-Ibope) foi encomendada pela TV Globo e mostra essas variações. No Rio de Janeiro, por exemplo, havia um empate técnico, mas Lula passou à frente do presidente Bolsonaro. Em São Paulo, o maior colégio eleitoral do país, as intenções de voto de Lula, no primeiro turno, oscilaram de 43% para 44%, enquanto Bolsonaro manteve os mesmos 33% da pesquisa anterior.
Ao que se diz, deve-se ao candidato à vice-presidência, Geraldo Alckmin, essa performance porque o vice é bem relacionado no interior do Estado e tem boa aceitação no agronegócio. Em Minas Gerais – onde se diz que Minas são muitas –, Lula passou de 46% para 49% nessa última pesquisa, enquanto Bolsonaro manteve os mesmos 31%.
No Rio, onde havia um empate técnico e onde Bolsonaro tem sua base de apoio popular, Lula oscilou de 41% para 42% e Bolsonaro manteve os 36% da pesquisa anterior. Em Pernambuco, o ex-presidente Lula manteve os 64% da pesquisa anterior, enquanto o presidente Bolsonaro, que se vangloria de ter concluído as obras de transição do São Francisco, iniciadas por Lula, oscilou de 22% para 23%, ainda dentro da margem de erro de dois pontos percentuais.
Contudo, no Distrito Federal, o presidente Bolsonaro ampliou sua vantagem sobre o ex-presidente Lula. As menções a Bolsonaro cresceram de 39% para 46%, enquanto Lula oscilou de 34% para 32%. Assim, os candidatos deixaram a condição de empate técnico e Bolsonaro passou a liderar a competição no Distrito Federal.
O fato é que nas diversas regiões do país, sobretudo nos maiores colégios eleitorais, a boca do jacaré, como dizem os estatísticos, vai se abrindo em favor de Lula. O que não tem agradado, por exemplo, o candidato Ciro Gomes, que se tem voltado com certa virulência contra o ex-presidente, de quem, aliás, foi ministro.
Ciro acha uma espécie de chantagem de Lula ao investir sobre o seu eleitorado com a pregação do voto útil. O mais surpreendente na reação de Ciro Gomes é que ele amplia ataques ao PT, o que não é novidade, mas começa a acenar para a direita com ataques diretos a figuras da esquerda que apoiam o ex-presidente Lula, como Caetano Veloso e Tico Santa Cruz. Agora é esperar o debate da Globo, com a presença de todos os presidenciáveis, entre eles Lula e Bolsonaro, que disse essa semana que “vai entrar na casa do capeta”. É de esperar também um novo ataque de Ciro Gomes a Lula e ao PT.
Foto: Ricardo Stuckert