Visito a Casa Cor de BH há muitas edições. Por razões profissionais e pela paixão pelo design e arquitetura. Ontem, fui lá. Desta vez com muita curiosidade porque já frequentei o Palácio das Mangabeiras onde trabalhei em algumas ocasiões. Fiquei surpreso e preocupado.
Estava acompanhado por minha mulher, que, por algumas vezes, lá me levou para o meu trabalho.
Como conheço bem o local, foi indicando a ela o que é de instalação acrescentada pela exposição e o que é da estrutura permanente e tombada. Ela se espantou e me disse: se eu não soubesse qual a diferença entre o que foi acrescentado pela Casa Cor e o que é da residência oficial, eu estaria chocada por imaginar um estilo nababesco e extremamente luxuoso dos que ali viveram.
Os monitores até tentam explicar a diferença. Mas não conseguem. As pessoas não ouvem as ressalvas históricas apresentadas muito gentilmente por eles. As situações mais visíveis de revolta acontecem na parte íntima do segundo andar, onde muitas famílias viveram em um ambiente funcional, sem luxo, ao contrário das instalações ricamente decoradas montadas pela exposição.
Compreendo que não deve ter havido nada intencional. Mas a organização do evento precisa fortalecer as comparações entre o original e o que é da exposição.
Senão, os ex-governadores estarão sendo injustamente julgados por algo que não fizeram nem mandaram fazer.
Texto: Marcos Correia
Fotos: Reprodução/cultura.mg.gov.br