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O ser humano nasceu do pó das estrelas

3 de outubro de 2019, 09h55 | Por Márcio Fagundes

by Márcio Fagundes

Do alto de seus 81 anos, bem vividos, parte deles em confronto com a Igreja Católica, da qual se desligou com severas críticas à instituição milenar, calçando tênis Adidas, longa barba e cabelos brancos, o escritor, professor, teólogo, filósofo e ambientalista Leonardo Boff, pseudônimo de Genézio Darci Boff, passou por Belo Horizonte, na última terça-feira, onde proferiu palestras no Tribunal de Contas de MG e na Faculdade de Direito da UFMG.

O conjunto de suas palavras se assemelha a uma ode à vida. Ditas em público, então, parecem uma oração. O missionário da esperança, devoto de Cristo, defensor dos desvalidos e excluídos, deixou aos mineiros algumas frases para reflexão:

  1. O Brasil pode ter gestão sob a Amazônia, mas a soberania da região pertence à humanidade;
  2. O tempo das nações passou, agora é hora da “casa comum”;
  3. Diante de dados científicos, penso: não há consciência coletiva, mas individual, o que não basta;
  4. Sabemos que a vida é mais forte que a morte;
  5. A crise nos torna melhores;
  6. É hora de passar do capital material para o capital espiritual;
  7. É preciso uma veneração a tudo que vive;
  8. A razão cordial precisa ser uma razão sensível;
  9. Os sentimentos devem prevalecer sobre a razão;
  10. A hora é de um grande salto para um outro modelo de sociedade;
  11. O ser humano nasceu do pó das estrelas;
  12. É preciso indignação para transformar e coragem para enfrentar novas alternativas;
  13. O capitalismo produz lixo, a natureza não;
  14. Onde entra o capitalismo entra desigualdade social;
  15. Na lógica do embrião, tudo cresce harmonicamente, adequado aos ecossistemas;
  16. Sustentabilidade é a capacidade de permitir que todos os seres vivos, não apenas os humanos, possam se reproduzir com água potável e atmosfera respirável;
  17. Não queremos a maldição de filhos e netos, mas as bênçãos deles;
  18. Não estamos divulgando dados verdadeiros sobre a degradação ambiental, mas digeríveis ao nível de consciência existente;
  19. O biorregionalismo sugere desenvolvimento homogêneo, cultura, geografia e respeito às especificidades;
  20. A floresta em pé vale mais do que derrubada;
  21. Nunca maltratamos tanto a Mãe Terra;
  22. Transformamos o Jardim do Éden em um imenso matadouro;
  23. Imperativo categórico: aja de tal maneira que não possa prejudicar o sistema;
  24. Até hoje caminhamos de punhos cerrados, agora devemos ir de mãos abertas;
  25. O crescimento econômico por si tem a lógica do câncer, toma todo o organismo;
  26. O amor, a paixão dos enamorados, as belezas da vida, Guimarães Rosa, Carlos Drummond de Andrade, não constam do PIB;
  27. O direito à vida se estende aos trabalhadores anônimos, como fungos e bactérias;
  28. Os microrganismos regulam a fertilidade e, por conseguinte, a vida.

Texto e foto: Márcio Fagundes

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